Por Fernando Calmon
O otimismo para 2012 voltou a subir. As últimas medidas de incentivo ao consumo anunciadas pelo governo empurraram as consultorias e os principais cenaristas do setor automobilístico a rever cálculos. Não que o próximo ano teria vendas ruins, mas o crescimento em percentual superior ao da economia medido pelo PIB (Produto Interno Bruto) estava fora das previsões. Como se espera que o PIB suba entre 3,5% (pessimistas) e 4% (otimistas), esses também eram os números para aumento na comercialização de veículos. No XXI Congresso da Fenabrave, em São Paulo, o consultor Maílson da Nóbrega foi um dos primeiros a admitir que maior volume de crédito, queda das taxas de juros e menor rigidez quanto ao valor da entrada e prazos de financiamento terão boa repercussão no mercado. Ele estima que o crédito oferecido por bancos e financeiras para automóveis e comerciais leves – representam 95% do total das vendas – chegará a crescer 20% em relação a 2011. Significaria, então, a retomada, pelo menos em 2012, da tendência verificada nos últimos anos de o mercado superar o PIB. Sua aposta para o próximo ano é de 5% a 6% de aumento nas vendas. Se isso ocorrer seria, de fato, um grande resultado frente ao noticiário econômico internacional tão negativo, especialmente da Europa. A indústria está mais cautelosa. Taxa de crescimento alinhada à do PIB já ficaria de bom tamanho. O que ninguém quer é andar para trás. No médio e longo prazos a expansão da classe média brasileira (até R$ 4.000,00 de ganho mensal), que continua a ter o automóvel novo como meta de consumo, vai sustentar a ampliação do mercado. O economista Eduardo Gianetti da Fonseca, no mesmo congresso, chamou a atenção para o chamado bônus demográfico brasileiro. Significa que a população economicamente ativa, pelo menos nos próximos 20 anos, se manterá sustentavelmente maior que a de crianças, adolescentes e idosos. Uma massa de milhões de brasileiros adultos, com poder de consumo crescente pelo aumento da renda e da escolaridade. Não se trata de um cenário de euforia pois a qualidade da escolaridade ainda tem que aumentar bastante e as deficiências de infraestrutura, burocracia, carga tributária alta e corrupção são obstáculos nada desprezíveis. Basta um exemplo: o Brasil possui apenas 13% de malha rodoviária pavimentada do total de 1,6 milhão de quilômetros. Segundo informou Alfredo Peres, da NCT & Logística, esse percentual está bem atrás de países como México, Índia e Turquia, só para citar alguns. O congresso continuou sendo prestigiado por nomes de peso do setor. Philippe Varin, presidente mundial da PSA Peugeot Citroën, fez a palestra magna. O presidente da Ford, Marcos Oliveira, reafirmou que até 2015 todos os produtos da marca fabricados no Brasil estarão alinhados com os modelos vendidos no exterior. E Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul, no final de sua exposição apresentou um mosaico de modelos Chevrolet para a região e lá estava, bem no centro do slide projetado, o subcompacto Spark. Para quem ainda podia ter dúvida de que se trata do modelo a ser produzido em Gravataí (RS), não resta mais nenhuma. RODA VIVA CARROS de baixo custo são a bola da vez para mercados emergentes e até desenvolvidos. Depois de a Renault confirmar que trabalha nessa direção (com indianos da Bajaj), rumores indicam que a PSA está no mesmo rumo em aproximação com chineses da Changan. Não se anime muito. Modelos desse tipo custariam entre R$ 18.000 e R$ 20.000, a preços de hoje.
APESAR de ter apresentado, no recente Salão de Los Angeles, o interessante SUV médio-compacto CX-5, a Mazda revisa planos de se estabelecer no Brasil como importadora, inicialmente. O modelo será produzido no México e, pelas regras anteriores, poderia chegar sem imposto de importação. Agora precisa ter fábrica aqui. A mudança implica atraso de quatro anos. MAIS espaçoso internamente do que o novo Uno, embora dividindo a mesma arquitetura, a geração atual do Palio explora certo refinamento do interior. Combinação entre maior entre-eixos e menor altura deixou sutilmente melhor a dirigibilidade. Motor de 1,4 litro/88 cv é o mínimo para viagens e uso no dia a dia. Porta-malas (igual ao do Uno) podia ser um pouco maior. BRASILEIROS continuam a ser referência em desenho de automóveis. Raul Pires, 42 anos, estava na Bentley, onde criou um dos sedãs de luxo mais bonitos (Continental GT) e agora foi para a diretoria da Italdesign Giugiaro, subsidiária da VW na Itália. Nissan também deve abrir centro de estilo, em São Paulo, seguindo os passos da Renault e da PSA Peugeot Citroën. AVANÇO na tecnologia prevê que, em breve, os carros só precisarão trocar óleo do motor a cada 32.000 km (20.000 milhas) ou dois anos, mesmo utilizando lubrificantes convencionais. Enquanto isso, no Brasil, há fabricantes que preconizam troca a cada seis meses. Os motores precisam evoluir. É perda de tempo e dinheiro exigir dos clientes intervalo tão curto.
Coluna Alta Roda – Crescimento sustentável
- Henrique Rodriguez
- 08/12/2011
- 20:35
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