Havia o sol forte do final de semana carioca, a calçada e a água no balde. Os movimentos circulares faziam o trabalho. Era meu pai e o seu amigo de longa data – um Monza, simples. Ele retirava toda a sujeira e o pequeno pó que fosse daquela lataria. Domingo era o dia sagrado: dia de lavar o carro. A flanela me dizia isso. Lembro-me que ele era tão confortável, eu sempre dormia em viagens. Até nas de vinte minutos. Lembro-me também das histórias que ouvi, que aprendi, sentado no banco de trás. Não era o Monza Tubarão, tratava-se do 2.0 L de 1989. Era vinho. A história desse automóvel não muito notável confundia-se com a minha. Eu já o conhecia fazia bastante tempo. Ele fez parte de mim. Eu também nasci em 1989. Eu conhecia cada pedacinho dele. O cheiro dele era sempre muito bom. Ele não tinha airbags, nem nenhum sistema aprimorado de segurança. Mas era pra mim o carro mais seguro do mundo. Era o carro do meu pai. O meu carro também. Foi o primeiro carro que sentei no banco do motorista. Girei o volante: esquerda… direita. Aqui é o freio de mão. Marcha, embreagem e freio. Eu gostei daquilo, sabe? Aprendi a dar valor a simplicidade. Hoje, de vez em quando, também lavo meu carro aos domingos. Só não fico tão suado quanto meu pai ficava – eu pago alguém no posto pra lavar. Por Thiago Ramos
Água, Sabão e Lembranças
- Henrique Rodriguez
- 12/05/2013
- 14:57
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