Pensata | Por que não gosto de SUVs?

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A outra face dos carros que pagam de valentões no trânsito

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Não, eu não gosto de SUVs. E sim, tenho um na garagem. Mas não queria tê-lo. E, de quebra, adoro utilitários. Não parece uma coisa com muito nexo em um primeiro momento, não é? Mas vou prosseguir para que tudo fique mais claro.

Minha birra com SUV (e versões aventureiras, sem exceção) se apoia em questões físicas e comportamentais, talvez ideológicas. Primeiramente, um SUV é um apanhado de tudo que as fabricantes não querem que sejam os carros dos quais derivam. Andam menos, bebem mais, freiam pior e são menos estáveis. Oferecem manutenção mais cara por vezes, assim como o seguro também pode ser mais caro. E isso ocorre pelos seguintes fatores:

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– Um SUV é mais pesado que o modelo que deriva. Isso, logo de cara, atrapalha nas acelerações e piora o consumo – que também sofre sensível piora devido à aerodinâmica piorada, graças a maior área frontal do veículo e aos plásticos que sempre compõem o visual.

– Além de pesado, o SUV é mais alto. Ou seja, além de produzir mais energia cinética a ser dissipada no ato da frenagem, dificultando essa ação, esse peso tem seu centro de massa mais alto em relação ao solo. Dessa forma, as forças resultantes das acelerações laterais, assim como a inércia inerente ao processo, são sensivelmente maiores. Se você faz mais força pro carro se desestabilizar… ele desestabilizará! Em termos práticos, ele tomba mais fácil. E isso explica o porque de tantos SUV capotados em estradas – quase sempre sinuosas.

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– Para conseguir frear a jamanta, temos freios maiores. Para suportar o peso, suspensão reforçada. E por aí segue a lista de aprimoramentos. Isto, por sua vez, onera a manutenção. E, em caso de dano, também torna mais caro um eventual conserto pago pelas seguradoras e piora a nota no CESVI (Centro de Experimentação e Segurança Viaria).




Por si só, já temos argumentos suficientes para mostrar o quão desnecessário é ter um SUV. Mas você pode argumentar algo como “Renato, seu Dalit. Por outro lado os SUV são pequenos jipinhos!”. E eu digo que não, não costumam ser. E pior, fazer jus à essa teórica superioridade é quase utopia.

Avaliação - Chevrolet Tracker 2014 (1)[6]

E então entramos justamente no lado comportamental de se ter um carro de salto alto. A única coisa válida, de antemão, é a posição de dirigir mais elevada, que pode ser vantajosa no contexto urbano e também é adorado por aqueles que querem se sentir “poderosos” no trânsito. Pra mim é desprezível, mas entendo quem faça uso disso. Não é errado, é meramente uma questão de gosto. Mas para por aí. Porque comprar um SUV ou aventureiro com o contexto de “ah, mas de dois em dois anos eu pego 15 quilômetros de estrada ruim indo pro sítio da minha avó” tem tanta lógica quanto eu comprar um bote esperando um dilúvio onde moro, na parte alta de uma cidade que tem um morro pra cada eleitor.

E sim, existem aqueles que fazem bom uso dos pneus de perfil mais alto, assim como da maior altura do solo, nesse Brasil varonil de solos lunares. E não se resume a 1% dos proprietários. Mas, por outro lado, desconfio seriamente que chegue aos 10%. Ou seja: pra cada dono desses carros que faz uso real das vantagens mecânicas desses veículos, os outros 90% usam para ir ao shopping e têm como atividade radical parar na grama da casa do amigo.

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Ah, sim, também existe o fator “cale a boca, seu estúpido. Eu gosto, o dinheiro é meu e eu faço o que eu quiser!”. Concordo plenamente e se você quiser rasgar dinheiro, te alerto que isso é crime e é melhor mesmo comprar um SUV. Mas o que exponho aqui é para aqueles que possam pensar o quão racional é comprar um carro desses.

E vêm a pergunta: “Seu animal inútil. Por que então você tem um SUV em casa?”. E a resposta se divide em duas partes. A menos importante é que minha mãe é uma senhora com menos de 1,70 de altura e acha lindo esse tipo de carro. E por incrível que pareça realmente faz uso do maior vão central. Além de adorar a posição de dirigir como uma Scania R700. Logo, ela está feliz. E isso é bom.

O Fiat Weekend é uma perua que custa menos de R$ 70 mil, mas não tem espaço
O Fiat Weekend é uma perua que custa menos de R$ 70 mil, mas não tem espaço

Mas a parte mais importante é: não existe uma Station Wagon zero-quilômetro com câmbio automático e bom espaço interno entre 60 e 70 mil reais! Sim, é algo terrível de nosso mercado. O comprador de SUV é tão voraz que as fabricantes já não oferecem peruas como antes! Como um sedã do mesmo preço não nos atenderia quanto a espaço no banco de trás e capacidade do porta malas, tivemos que nos exilar sob a égide do mundo off-road de plástico. Mas seguramente, se houvesse opção, as vantagens de uma SW normal seriam mais fortes do que os poucos pontos fortes dos aventureiros.

E para fechar o papo, entro num assunto que é mais polêmico que debate eleitoral. Sim, caro leitor: existe uma clara distinção entre um SUV e um fora-de-estrada, embora a linha seja pouco tênue. A grande maioria dos carros “altinhos” são SUVs típicos, com construção monobloco comum, suspensões apenas levantadas e levemente reforçadas, além de tração dianteira. Entretanto, ainda existe uma safra de guerreiros no meio, com uma ampla gama de preço, que não reclama de entrar em um lamaçal da Transamazônica ou de escalar uma trilha com cascalho na Serra do Mar. E o melhor: saem intactos, cumprindo a tarefa com louvor.

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Como identificá-los? Simples: Costumam ter tração integral e caixa de redução, por muitas vezes eixos rígidos e construção sobre longarinas, como antigamente. Mas nada disso serve se o carro, independente de sua ficha técnica, não for um lameiro convicto de sua estirpe, mesmo que não levante suspeitas. E não leve gato por lebre: tem muito SUV por aí se passando de desbravador do sertão quando, na verdade, tem alergia congênita a poeira.

Estamos entendidos agora? Em caso de dúvida, reclamação ou sugestão, basta contatar nosso SAC logo abaixo.

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