Os carros diferentes de cada lugar do mundo

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Leis, gostos e necessidades criam segmentos em qualquer canto

picapes monobloco intermediárias

De agora em diante você verá por aí que picapes com pegada de SUV, como Renault Duster Oroch e Fiat Toro, são carros que, assim como o tatu-bola, a ararinha-azul e o mico-leão-dourado, só existem no Brasil. Sim, isso é verdade: a Subaru Baja saiu de linha em 2006. Mas não há nada anormal em carros peculiares criados para atender anseios de um mercado específico. O que você verá agora é que mesmo mercados considerados desenvolvidos têm carros que por aqui seriam definidos como exóticos.

Japão – Kei cars

Honda N-Box Slash
Honda N-Box Slash

Está lá do outro lado do mundo o melhor exemplo para o que estamos falando. Criados em 1949 como tentativa de motorizar o Japão pós-segunda guerra, o kei cars são carros que se enquadram em quatro regras: ter, no máximo, 3,4 m de comprimento, não passar dos 1,48 m de largura, seu motor não pode ter mais que 660cm³ (0.66 litro) de deslocamento e a potência máxima é de 64cv. Quais as vantagens de ter carros tão modestos? São várias…

Daihatsu Copen
Daihatsu Copen

Esses carrinhos gozam de vários benefícios tributários, que até já foram melhores. Hoje pagam 3% de imposto na hora da compra – contra 5% de carros maiores – enquanto a taxa de licenciamento deles é 30% menor e o imposto de circulação é mais barato, por ser baseado no tamanho do motor. Além disso, para ter um kei car em boa parte do interior do Japão você não precisa comprovar que tem uma garagem ou um lugar para guardar o carro.

Mazda Carol
Mazda Carol

Hoje o governo japonês repensa estes incentivos por acreditar que as fabricantes locais consomem muito de seu tempo criando kei cars, que não servem para exportação, ao invés de criar carros que seriam interessantes a nível internacional. Há cupês, monovolumes e até utilitários enquadrados como kei cars, muitos deles capazes de oferecer o mesmos itens de confortos de carros maiores. Mas, acredite: não fosse a experiência da Honda com kei cars, o Fit não seria um carro tão versátil.

Estados Unidos – Picapes gigantes

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Ford F-150

Há mais de 30 anos o veículo mais vendido dos Estados Unidos é a Ford F-Series, uma picape com 6,19 m de comprimento; 1,96 m de altura;  2,20 m de largura e 4,15 m de entre-eixos. Para ter ideia, é maior do que a RAM 2500 vendida no Brasil e do que muitos caminhões que têm trânsito restrito em regiões de capitais brasileiras. Estas duas, mais a Chevrolet Silverado, Nissan Titan, GMC Sierra e Toyota Tundra formam o segmento das picapes full size.

Nissan Titan XD
Nissan Titan XD

Por aqui, para dirigir uma destas você precisa de habilitação “C”. No interior dos Estados Unidos, porém, são banais e trafegam com facilidade. E seus motores são igualmente grandes: V6 ou V8, a gasolina ou diesel, que podem facilmente beirar os 7 litros de deslocamento. Praticamente o oposto de qualquer híbrido ou elétrico.

Chevrolet Silverado HD
Chevrolet Silverado HD

Os preços começam em cerca de 25 mil dólares, mas há versões mais parrudas que podem superar os 70 mil dólares. E o que se conta nos bastidores da indústria é que este é o segmento mais rentável dos EUA: cerca de 25% do valor seria lucro limpo.

Austrália – Sedãs e picapes V8 com tração traseira

Ford Falcon
Ford Falcon

Da mesma forma que os animais endêmicos da Austrália são completamente diferentes dos que existem em outros países, os carros criados por lá tem suas características peculiares. Não, eles não vem de série com eucaliptos cheios de coalas e não há cangurus nos porta-malas (embora haja, eventualmente, vegemeta no porta-luvas e CD do Man At Work no rádio). É que boa parcela da população não abre mão dos grandes sedãs, em geral com motores V6 e V8 e tração traseira.

Holden Commodore
Holden Commodore

Se na Farra do Boi temos Garantido de um lado e Caprichoso do outro, a disputa na Austrália é entre o Ford Falcon e o Holden Commodore (exatamente, o Chevrolet Omega vendido aqui entre 1999 e 2011). O Falcon até já se rendeu ao motor 2.0 EcoBoost, mas ainda existem os V6 e os V8 para quando a vida está muito chata. O esportivo XR8, por exemplo, chega aos 477 cv. Na Holden existe o Commodore VFII com V8 6.2 de 413cv. Praticamente um Camaro com acabamento bom.

Holden Commodore UTE
Holden Commodore UTE

A boa notícia é que criaram versões picape destes carros, as UTE, que inclusive têm as mesmas versões esportivas. A má notícia é que tanto a Holden como a Ford encerrarão a produção de suas fábricas na Austrália em 2017 e, ao que tudo indica, os dois carros que adoraríamos dirigir um dia serão descontinuados.

Europa – Motor diesel e câmbio manual para todos

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Um Audi A4 com tudo mas… o câmbio é manual

Uma das coisas mais legais que fiz no ano passado foi dirigir um Audi A4 da nova geração com motor 2.0 TDI e câmbio manual de seis marchas. É algo extremamente prazeroso tanto torque e um câmbio tão bom ao seu alcance. Sim, os europeus não estão nem aí pro fato do carro ser um sedã grande, moderno e seguro, eles querem o motor diesel por causa do baixo consumo de combustível e por necessitar de menos manutenção. E com câmbio manual, porque eles realmente preferem – e pode ser com motor a gasolina também, não tem problema.

CALOTA CLASSE CLA
Mercedes CLA com calotas. E você reclamando o Corolla com calotas…

Como a legislação da União Europeia estabelece os impostos de acordo com as emissões de cada motor, também é comum encontrar carros grandes com motores pequenos, caso do Ford Mondeo (nosso Fusion) com motor 1.0 EcoBoost e do Volkswagen Passat com motor 1.2 TDI ou 1.4 TSI, por exemplo. Não se assuste com as calotas deles…

Tailândia, Indonésia, Índia  – Minivans com chassi de SUV

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Chevrolet Tavera

Um monovolume construído sobre o chassi de um utilitário faz sentido para você? Pois para muitas localidades de Índia, Tailândia e Indonésia eles são uma boa solução. Como há vias realmente ruins, é uma solução robusta e de dimensões até modestas para transportar passageiros com conforto que SUVs e jipes não proporcionam.

Toyota Innova, que usa a mesma plataforma da Hilux
Toyota Innova, que usa a mesma plataforma da Hilux

São bons exemplos o Mahindra Xylo (baseado no Scorpio), o Toyota Innova (mesmo chassi da Hilux), o Chevrolet Tavera, o Toyota Avanza e o Tata Aria. Usam motor diesel e podem ter suspensão traseira com eixo rígido, mas tração 4×4 não é mandatória.

Índia – Sedãs de 4m com motor diesel

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Mahindra Verito

A legislação da Índia oferece redução dos impostos de carros com menos de 4m de comprimento, que são ainda maiores se usar motor diesel. Isso é bom em alguns casos, mas cria distorções como as vistas entre os kei cars japoneses. Por exemplo, quando a Renault encerrou seu acordo com a Mahindra, esta pegou o projeto do antigo Logan (que estava longe de ser bonito) e o transformou num hatch de lanternas verticais. É horrendo e ainda usa o fraco motor 1.5 diesel de 68 cv.

Ford Figo Aspire
Ford Figo Aspire

Um exemplo recente é o Ford Fico, basicamente o nosso Ka Sedan cotó: retiraram 25 cm de traseira e restou apenas uma pontinha do terceiro volume. Distorções? Tem opção de motor 1.5 a gasolina com câmbio automático Powershift.

O que é diferente no Brasil?

Fiat Uno Mille
Fiat Uno Mille

A essa altura você pode até ter a percepção de que o brasileiro é normal. Mas reflita conosco. Nossos carros são flex e, mesmo se não forem, queimam o álcool misturado na gasolina por força do governo. Os carros populares, com motor 1.0, também foram “inventados” por uma lei. E onde mais carros ditos aventureiros, com adereços que podem até os atrapalhar na terra, fariam mais sucesso do que aqui? Pois é, a diversidade é fantástica – e a forma como os fabricantes se adaptam a isso também!

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