Cotado para estrear no Brasil ainda em 2016 como carro de entrada da Renault, o Kwid pagou mico a nível global. Três unidades do modelo, fabricadas em momentos diferentes após passar por reforços estruturais, foram submetidas a testes de colisão do Global NCAP (entidade a qual estão vinculados o Latin NCAP e o Euro NCAP). Todas, até mesmo a equipada com airbag para o motorista (opcional) receberam a mesma classificação: 0 estrelas para proteção de adultos e 2 estrelas para proteção de crianças. Mas ainda não é o fim para o carro brasileiro.
Não teria como ser muito diferente. O Kwid indiano foi lançado em setembro por cerca de 4 mil dólares. Tem apenas o básico do básico na versão de entrada: direção mecânica, vidros manuais, ventilação forçada sem aquecimento, quadro de instrumentos que mostra apenas o fundamental, isolamento acústico quase nulo e plástico, muito plástico. Mesmo com a plataforma novinha CMF-A, só mesmo sem equipamentos para chegar ao peso final de 600 kg quando se tem 3,68m de compriemento (8cm a mais que um Up!), 1,57m de largura (3cm a mais que um uno), 1,47m de altura (4cm a mais que um Palio) e 2,42m de entre-eixos (como em um Picanto).
O que falta, ceramente, são reforços. O primeiro carro a passar pelos testes de colisão (o veículo é arremessado a um bloco estático a 64 km/h) foi de sua primeira série. As imagens do teste são assustadoras, dada a forma como a carroceria entorta e a coluna A praticamente quebra e a porta do carona dobra-se como papel. O Global NCAP classificou a estrutura como instável e apontou o risco dos joelhos dos passageiros sofrerem impactos perigosos com estruturas do veículo.
A Renault fez reforços na carroceria do Kwid e as aplicou de pronto na linha de montagem a partir de 2 de abril. Em novos testes de colisão a melhoria do desempenho da carroceria foi visível, a carroceria não colapsou. Mas continuou instável. A versão com airbag foi testada, tendo melhorias apenas para a proteção da cabeça e do pescoço do motorista. A Renault incluiu opção de airbag duplo e fez novas alterações depois disso, aplicadas na linha de produção a partir do último dia 9. Passará por novos testes mais tarde.
Vale ressaltar que o Kwid não pagou mico sozinho. O Global NCAP avaliou outros carros indianos: Hyundai Eon, Mahindra Scorpio, Suzuki Eeco e Celerio. Todos sem airbags, todos com nota zero.
Muitas mudanças no Brasil
Na semana passada, a Renault confirmou a produção do Kwid no Brasil, mas o classificando como um produto desenvolvido pela Renault Technology America (RTA) e pelo Renault Design America Latina (RDAL) especificamente para o mercado brasileiro. Em outras palavras, o carro daqui terá tantas alterações que é considerado um projeto diferente.
o que fica claro com as informações divulgadas pelo Uol, que teria participado de clínica sobre o Renault Kwid. Nem é necessário dizer que por aqui todos as versões terão freios ABS e airbags dianteiros, isso é obrigatório. Mas o carro terá até mesmo airbags laterais de série em todas as versões. Há dez anos o Fiat Palio poderia ter airbags laterais (e até banco com ajuste elétrico) em todas as versões, mas como opcional (como há até hoje para o 1.6).
A carroceria será reforçada por completo e terá partes feitas de aço de ultra resistência, a ponto do peso total do Kwid passar dos 600 kg para quase 750 kg. Mas, é aquilo: depois do lançamento do Kwid brasileiro (previsto para setembro) todos aguardarão ansiosamente por seus testes de colisão no Latin NCAP.