JAC T5 CVT: um SUV urbano otimista

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Foi com confiança que a presidente da JAC Motors no Brasil, Sérgio Habib, apresentou o primeiro carro da marca com câmbio automático no país. Trata-se da versão topo de linha do T5, SUV compacto lançado no mercado nacional em 2015, agora disponível com câmbio CVT. Hoje tão importante no segmento, o câmbio automático deverá estar em 75% das 300 unidades mensais estimadas para o JAC T5, de acordo com a marca. Seria muito otimismo?

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O carro em si já não representa mais uma novidade. Com um ano de mercado, o crossover compacto (termo mais adequado aos modelos dessa categoria) tem 4,33 metros de comprimento, 1,77 de largura, 1,63 de altura e 2,56 de entre-eixos, com bom espaço interno. São dimensões semelhantes às do Nissan Kicks, com ligeira vantagem para o chinês em dimensões externas e para o japonês no entre-eixos. O Nissan é, inclusive, apontado pela JAC como principal concorrente do J5 em temos de dimensões, características mecânicas, atualidade de projeto e nível de equipamento. Mas  o T5 custa R$ 20 mil reais a menos.

O preço de lançamento, promocional, é o mesmo da versão completa com câmbio manual: R$ 69.990, com uma lista de equipamentos que continua bastante completa. Controles eletrônicos de estabilidade e tração, sensores de pressão dos pneus, assistentes de frenagens de emergência e de subida em rampas… Está tudo lá, além do revestimento em couro sintético para bancos e volante, da câmera de ré, do piloto automático, do o ar-condicionado com controle digital e da central multimídia com tela de oito polegadas e espelhamento de smartphones.

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A grande novidade em relação ao T5 já conhecido está mesmo na substituição do câmbio manual de 5 marchas por uma transmissão automática do tipo CVT, com relação continuamente variável mas com simulação de 6 marchas e opção de trocas manuais na alavanca. Sua apresentação estava  prevista para agosto e atrasou, segundo a JAC, pela necessidade de tempo extra para afinar o casamento entre câmbio e motor flex.

O trabalho extra parece ter valido a pena. De funcionamento bastante suave, a transmissão conversa bem com o motor 1.5 16V de 125/127 cavalos e 15,45/15,7 kgfm de torque (gasolina/etanol). Em uso urbano e mesmo em estrada, numa tocada tranquila e sem usar o carro carregado, o desempenho é satisfatório, adequando à proposta do veículo. Contudo, se for necessário pisar fundo no acelerador, o motor trava em 6.000 RPM, grita alto e seu ruído invade a cabine (à despeito do bom trabalho de isolamento acústico feito pela JAC).

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Otimismo todo dia

O importador fala em acelerações de 0 a 100 km/h em 12,3 segundos e velocidade máxima de 192 km/h – números que nos pareceram otimistas mesmo nas descidas da Rodovia dos Bandeirantes, entre as cidades de São Paulo e Campinas. Outro número bastante otimista diz respeito ao volume declarado para o porta-malas: 600 litros, só se a JAC estiver considerando o volume total até o teto. Visualmente (e na prática, colocando malas e mochilas nele), a impressão de é uma capacidade não muito acima dos 400 litros.

Mas o importador pode se mostrar de fato confiante quando se trata da qualidade geral do produto. Durante a apresentação à imprensa, Sergio Habib fez questão reforçar a ideia de que, com um imenso volume de produção e contando com os mesmos fornecedores de sistemas, a industria chinesa – e particularmente a JAC – já conta com o know how necessário para oferecer veículos com padrões de qualidade e tecnologia equivalentes aos de marcas ocidentais renomadas.

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Realmente, a evolução em relação aos primeiros modelos oferecidos pela JAC no Brasil é notável. A qualidade geral de montagem e acabamento interno está acima do que observamos em alguns concorrentes nacionais, com alinhamento e vãos regulares nos painéis da carroceria e com plásticos rígidos de textura agradável, com montagem correta e sem rebarbas no interior. O forro do teto conta com tecido de toque agradável, o cluster de instrumentos é bonito e tem leitura fácil, o volante – já conhecido da linha – tem boa pega, revestimento em couro e comandos de uso intuitivo. Os bancos dianteiros são definitivamente um ponto alto do modelo, com boa largura e comprimento do assento e densidade adequada de espuma. Certamente estão entre os melhores oferecidos no segmento.

Sons provenientes do exterior não incomodam na cabine, assim como parece ter havido um trabalho cuidadoso para eliminar fontes de ruídos no acabamento. A exceção aqui é o ruído do motor, quando exigido, como comentado anteriormente.

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O que destoa do conjunto é a peça plástica logo acima da central multimídia, claramente uma adaptação (de aspecto grosseiro) para a montagem do aparelho no painel. E a qualidade da pintura prata acetinada de alguns elementos no interior também deixa a desejar.

Mais tempo, mais experiência

Aparentemente, a JAC aproveitou o tempo extra para refinar o acerto da suspensão, que está muito bem resolvida, filtrando com competência irregularidades do piso, confortável sem ser molenga. Contudo, com altura e o centro de gravidade elevados, a carroceria inclina em curvas e apresenta oscilação com o vento lateral em alta velocidade. Até aí, nada muito diferente de outros modelos da categoria. O problema está na direção leve, que carece de progressividade e precisão  – nesse sentido o T5 lembra bastante o J3. Para uso na cidade e em manobras essa leveza é bem vinda, mas no uso em estrada, e associada à altura do carro, ela transmite pouca confiança: um leve golpe de direção pode assustar motoristas menos habilidosos.

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Em relação à manutenção, não foram divulgados valores, mas a JAC afirma que os custos serão competitivos, com revisões mais baratas que as de concorrentes e cesta de peças com preço no mesmo patamar. A garantia continua sendo de 6 anos sem limite de quilometragem.

No computo geral, a impressão que fica é a de que a JAC tem um produto competitivo com o T5 CVT, considerando seu posicionamento e o que é oferecido por outros crossovers compactos no mercado. Em termos de acabamento interno e percepção geral de qualidade, ele está acima do nível de concorrentes como Renault Duster e Ford EcoSport. Não é sem propósito a comparação com o Nissan Kicks, porém, com o T5 custando bem menos. E é certamente superior a versões aventureiras de hatches compactos quando se trata de porte, espaço interno e equipamentos.

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Mas uma questão que pode alimentar de verdade o otimismo da JAC com o T5 CVT diz respeito à desvalorização – fator diretamente relacionado à aceitação de um produto pelo mercado. Quando foi lançado, no primeiro semestre de 2015, um T6 (irmão maior do T5 e vendido exclusivamente com câmbio manual) custava, completo, exatamente o mesmo que um Duster 2.0 Dynamique automático. Desde então, a desvalorização apontada pela FIPE para modelos 2015 e 2016 foi menor para o chinês do que para o modelo franco-romeno. Talvez, ao menos quando se trata de SUVs e crossovers, os brasileiros estejam começando a olhar  para os chineses com maior interesse.

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