Não, a PSA não comprou a Opel… Ainda

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Dona das marcas Peugeot, Citroën e DS, a PSA está de olho na alemã Opel e na Vauxhall, que atua no Reino Unido. A compra das duas marcas, que pertencem à General Motors há quase 90 anos, ou a fusão entre as duas empresas criaria o segundo maior grupo automotivo da Europa, atrás da Volkswagen e à frente da Renault. Porém, ao contrário do que já se afirma em alguns sites caça-cliques, o negócio não foi fechado.

Ao que parece, é questão de tempo para que a compra seja feita. A maioria dos analistas aponta para meados de Março como a data em que o negócio poderá ficar finalizado. De acordo com a Bloomberg, o valor seria de 1,88 bilhão de euros, ou 6,19 bilhões de reais. Mas não basta passar o cartão ou assinar um cheque, há vários pontos que devem ser acertados.

O cenário por trás desta compra é bastante interessante. De um lado está a General Motors, que há poucos anos praticamente retirou a Chevrolet da Europa (hoje vende apenas o Camaro por lá) para se concentrar na Cadillac e na Opel, que não lhe dá lucro há 16 anos. Faça as contas: quando Astra, Corsa, Zafira e Meriva, carros de projeto Opel, eram vendidos no Brasil ela já não dava lucro.

Do outro lado está a PSA, chefiada pelo português Carlos Tavares, que viu suas contas fecharem no azul na Europa nos últimos dois anos após uma série de prejuízos. Em 2015 o grupo registrou lucro de 899 milhões de euros, contra os 1,73 bi de euros conseguido em 2016. Com isso, seu percentual de lucro subiu de 5 para 6%, chegando perto dos 6,5% do Grupo Volkswagen.

A PSA não quer comprar a Opel para ter o desafio de torná-la lucrativa e depois se vangloriar disso. Pelo contrário: a recuperação da Opel ficaria a cargo da própria diretoria da marca. A ideia é ser grande o suficiente para ter peso junto aos seus fornecedores, grande o suficiente para ter poder de barganha. Outra questão, esta apontada por Tavares, é que muitos consumidores não comprariam um Peugeot ou Citroën, mas comprariam um Opel: “haveria uma forte complementaridade”.

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A PSA já procurou sindicatos europeus e e o conselho empresarial da Opel para tratar sobre o impacto da compra em na empresa e na vida de seus 3.790 funcionários. Definiram que acordos de trabalho serão respeitados. O diálogo entre empresas e sindicatos é forte na Alemanha e a PSA vem adotando este modelo em sua gestão há algum tempo.

Com os empregos garantidos, o governo alemão se mostrou favorável ao negócio. “Cabe agora às empresas envolvidas conduzirem as negociações até ao fim e o governo alemão vai acompanhá-las de forma positiva”, disse Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã Angela Merkel. Já o governo da França, que hoje detém 12,81% das ações da PSA, nada disse até o momento.

Vale lembrar que o novo Opel Crossland X, que será apresentado na próxima semana no Salão de Genebra, já usa plataforma da PSA. É a EMP2, mesma do C4 Picasso e dos novos Peugeot 308, 3008 e 5008. Mas isso não quer dizer muita coisa: a van Opel Vivaro é uma versão do Renault Trafic/Nissan NV300, enquanto a segunda geração do Fiat Doblò também é conhecida como Opel Combo.

Quando a Opel quase foi vendida

Em meio a crise de 2009, que levou a General Motors a encerrar marcas como Saturn, Pontiac e Hummer, quase levou a empresa a se desfazer da Opel. A marca alemã seria vendida à Magna, fabricante de autopeças e montadora de veículos canadense por meio de consórcio com o banco russo Sberbank e a montadora de caminhões russa Gaz. A GM ficaria com 35% da Opel, os funcionários teriam 10% e a Magna teria a participação majoritária de 55%.

O negócio chegou a receber aprovação dos governos alemão e norte-americano às vésperas da concordata da GM, mas não foi para a frente. A Magna dependeria de um empréstimo junto a União Europeia, que atrasou. Assim, a General Motors julgou que seria melhor para a Opel permanecer sob seu controle.

Seria curioso: a Opel foi comprada pela GM em 1929, um outro ano de crise. A fábrica criada pela Adam Opel em 1862 fabricava apenas bicicletas e máquinas de costura até 1898. Já a Vauxhall está sob controle da GM desde 1925.

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