F1 2014: 20 anos do legado de Senna

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De 1994 para cá, o tricampeão é mais lembrado do que nunca, dentro e fora das pistas

1994 Brazilian Grand Prix.
Interlagos, Sao Paulo, Brazil. 25-27 March 1994.
Ayrton Senna (Williams FW16 Renault). Whilst pushing hard to try and catch Michael Schumacher he spun and stalled. 
Ref-94 BRA 14.
World Copyright - LAT Photographic
Começo esse texto da seção de F1 do blog de um jeito diferente. Primeiro, peço desculpas aos leitores pela hora que estou postando. Queria ter escrito cedo, e não no fim desse dia (quando estou passando estas maltraçadas aqui, ainda estou no dia 1º de maio). Achava essencial escrever isso hoje. Afinal, é o dia que, todos sabemos, marcam-se os 20 anos sem Ayrton Senna. Lembrei também do Ratzenberger (como escrevi ontem). Mas hoje os 20 anos são de mais um que perdeu a vida lá. E esse “mais um” todos nós conhecemos muito bem. inesquecível
Quando, numa conversa informal com o Henrique (Rodriguez, diretor-executivo daqui do blog), no começo deste ano, decidimos criar uma seção sobre F1, lembrei na hora que fariam 20 anos da morte do Senna, e abracei a ideia de fazer esta seção justamente por causa disso. Em um mísero post jamais poderei falar tudo que queria, da maneira que queria. Então, diferente de tantos e tantos colegas blogueiros e jornalistas que falaram daquela data trágica ou recordaram dos feitos do nosso tricampeão, decidi fazer diferente: vou lembrar um pouco do legado que ele deixou depois da sua morte.
Senna - Lotus
A F1 deixou vários pilotos como heróis. Mas praticamente todos eles são lembrados apenas dentro do circo, ou em algo que se refira a ele. Seja na curva de um circuito famoso ou no capacete de algum compatriota que estreou na categoria, vencedores de outrora são recordados. Um Villeneuve, um Clark, um Fangio sempre existirão para nós, entusiastas do automobilismo, não resta dúvida. Mas e quanto ao Senna? Bom, ele passou um pouco disso.
Senna_NSX

mosaico_f1_bicos_senna_datasVamos começar no óbvio: nos carros, é claro. Seu legado ficou na Honda e na própria McLaren. Na montadora japonesa, ele foi o responsável pelo projeto do NSX. Graças a sua habilidade nos Fórmula 1 propulsados pelos motores japoneses, a montadora o encarregou de ajudar no desenvolvimento de seu primeiro superesportivo. E o resultado não foi outro. O NSX é lembrado até hoje como “O esportivo que Senna ajudou a criar”, e de seu lançamento no começo dos anos 90 até o fim da linha em 2005 recebeu poucas mudanças mantendo-se com um desempenho quase irretocável. Sinal de que o trabalho do tricampeão não foi em vão. E o nome NSX estar para renascer só reforça ainda mais a herança que Ayrton deixou para a Honda. Já na montadora inglesa o legado dele não ficou só na área de competição, onde ele é lembrado instantaneamente, mas, de maneira indireta nos carros de rua. Gordon Murray, à época responsável por projetar o icônico McLaren F1, teve como base para a sua criação, pasme, o NSX. Ele mesmo, o esportivo que tinha a assinatura do tricampeão. Nas pistas ele não é lembrado somente, tal qual outros colegas de épocas diferentes, em trechos de circuitos. Sua memória fica no bico de todas as Williams desde 1995. Numa espécie de “dívida de gratidão eterna”, o time de Grove jamais esqueceu o piloto, sempre colocando o logotipo “Senna”, com o S estilizado em seus carros (e nesse ano está a logomarca “Ayrton Senna Sempre”). Ele também se tornou a motivação para toda uma geração de pilotos brasileiros, tanto aqueles que começavam a carreira quando ele estava na Fórmula 1, quanto para aqueles que só começaram a dar as primeiras aceleradas depois que ele se foi.
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E nas duas rodas Senna também é lembrado. Não só como garoto-propaganda da Honda na terra do sol nascente, mas também pelas esportivas italianas da Ducati. O brasileiro era fã assumido da montadora, e tinha uma 916 para passear de vez em quando. Seu legado ficou, também, na nova 1199 Panigale S Senna, que foi feita em homenagem a ele, usando vários dados que ele passou (olha só!) para aprimorar a 916. Além da Ducati, a MV Agusta também já fez motos especiais homenageando o tricampeão.
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Senna também é lembrado de maneira visual e digital. Nos cinemas, o documentário homônimo fez sucesso, tanto em seu país natal quanto fora dele, ganhando, inclusive, prêmios. Outros filmes com o tricampeão também já foram produzidos, ainda que com menos visibilidade que “Senna”. Nos videogames, o jogo Gran Turismo 6, que foi lançado no final de 2013 para Playstation 3, prestava, desde a abertura do jogo, uma clara homenagem ao piloto, ofuscando um pouco, por exemplo, Sebastian Vettel, que teve destaque na edição anterior do jogo. Na capa há o logotipo “Ayrton Senna Sempre”, e no jogo, logo de cara, havia a opção de o piloto virtual poder comprar o conjunto de macacão e capacete usados por ele na McLaren de 1988. Desde o lançamento do jogo, um dos maiores argumentos de venda também foi a possibilidade de correr com os carros que o piloto correu durante sua trajetória, além do circuito de Interlagos. No dia que se completaram esses 20 anos, foi anunciado que, para o mês de maio, sairá conteúdo exclusivo, contendo alguns desses itens. Além disso, a Sony prestou sua homenagem com um site exclusivo para o piloto, e um filme, chamado “Ayrton’s Wish” (o Desejo de Ayrton), falando sobre o desejo dele de ajudar crianças carentes, que foi realizado através do instituto que carrega o seu nome. A relação entre o Gran Turismo e o instituto também está presente no vídeo.
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No papel, além dos inúmeros livros que já foram publicados sobre o campeão, tanto por jornalistas brasileiros quanto estrangeiros, Senna também virou herói nos quadrinhos. Akira Toriyama, criador da série Dragon Ball, homenageou Senna em 1990, e vários mangás no Japão o fazem frequentemente, sendo um dos mais populares por lá a revista Shonen Jump, que, inclusive, colocou o piloto com traços japoneses, além de rivais, como Prost e Mansell.
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Além dos mangás, outros quadrinhos também prestaram reverências ao piloto. Em ”Ayrton Senna: A Trajetória de um Mito”, do jornalista francês Lionel Froissart, que era amigo de Senna, e dos cartunistas belgas Christian Papazoglakis e Robert Paquet em parceria com a Editora Nemo e o Instituto Ayrton Senna, é contada a história do piloto em momentos importantes como o GP de Mônaco de 1984 ou a rivalidade com Alain Prost e o tricampeonato mundial.
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E nas alturas o piloto também foi lembrado. A Azul linhas aéreas pintou a frente de uma de suas aeronaves com as cores do capacete do tricampeão. Além dessa pintura, ainda há a logomarca “Ayrton Senna Sempre” e os logotipos do instituto na fuselagem e nas turbinas.
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Por fim, mas não menos importante, na quarta-feira o Corinthians, time de coração do piloto, homenageou ele também, que na certa foi um de seus torcedores mais ilustres. Durante a execução do hino nacional, antes de começar o jogo contra o Nacional-AM, os jogadores usaram réplicas do capacete imortalizado pelo tricampeão. Fazendo jus à homenagem, o “timão” ganhou do time amazonense por 3×0. Nota do autor: Este texto levou boas horas para ficar pronto e confesso que coloquei uma parte bem pequena do que queria colocar. Como muitos membros que compõem o Novidades Automotivas, sou fã incondicional do Senna. E escrever um pouco do que fosse, pra mim, seria como prestar uma homenagem, mesmo que mínima, a ele. Talvez por fazerem 20 anos hoje, talvez por ter dedicado mais tempo esse ano pesquisando coisas sobre ele, confesso que esse ano senti bem mais a perda, bem mais que em outros anos. E acho que essa sensação mais forte de perda deve ter sido compartilhada por milhões de outras pessoas. Começar oficialmente uma seção de F1 no blog justamente esse ano pra mim, de certa forma, foi uma honra, justamente por isso. E, com esse texto, espero ter deixado, em nome de toda a equipe do blog, algo para lembrarmos do Senna, e aumentarmos ainda mais o (belo) legado que ele deixou, mesmo 20 anos depois.

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