Por Pedro Ivo
2012 chegou, e o segmento de hatches premium no Brasil voltou a se atualizar frente aos pares gringos. Se até o ano passado a categoria tinha três modelos defasados frente aos seus "irmãos", o panorama mudou com a chegada do New Fiesta Hatch, e, depois, com o Sonic, já em 2012. Ambos chegaram reforçando o segmento. Mas os três desafiantes que já existiam – Punto, C3, e Polo – continuavam defasados. Bem, o Polo continua, já o C3 e o Punto, não…
Enquanto o francês só teve imagens e algumas informações técnicas divulgadas, o italiano já foi apresentado de corpo e alma à imprensa no final de semana passado, em São Paulo. As evoluções foram pontuais em comparação ao Punto que já era vendido, mas, ainda assim, perceptíveis. Por fora, o que todos esperava e até já sabiam. Nosso punto clona o design externo do Punto Evo da Europa, que já mudou em 2011. A frente, com o "bigode", não agrada a todos, é verdade. Mas, para o brasileiro, o ar de ser novidade talvez chame atenção – e, quem sabe, algumas vendas também. Externamente ainda houve a adição de retrorrefletores na traseira e de novas rodas e calotas para toda a linha. A Fiat afirma que o novo para-choque dianteiro gerou um coeficiente aerodinâmico (Cx) 5% melhor.
As versões Attractive, Essence e Sporting continuam no catálogo, todas incorporando as mudanças comuns a toda linha Punto. A Attractive só tem o motor 1.4 EVO (que teve melhorias no consumo, alega a Fiat), enquanto a Essence tem o 1.6, a Sporting o 1.8, e o T-Jet continua com o 1.4 turbo. Todos os motores seguem iguais aos do Punto anterior. Nos preços, houve um aumento de R$ 600 para todas as versões e redução de cerca R$ 2.000 no T-Jet. Todas as versões agora contam com ABS e airbags de série (ou seja, o kit HSD da Fiat). O T-Jet teve alterações mais visíveis e agressivas no design, que serão explicadas mais pra frente.
Interior
Por dentro, o bom nível de qualidade que existia no Punto continua. Os materiais continuam agradáveis aos olhos e ao toque. O rádio agora é novo e exibe informações no visor quando se está estacionando o carro. No caso do T-Jet, o som vem mais forte, com um subwoofer. A maior mudança no painel é que agora ele pode ter uma parte da estrutura na cor do carro, semelhante ao que já era feito no 500 e no primeiro Punto T-Jet. O volante possui textura agradável ao tato e boa pegada e os comandos de som dão mais conforto e praticidade para o dia-a-dia, ainda que, eventualmente, também possa desviar um pouco a atenção do motorista. O isolamento acústico também passou por melhorias, de acordo com Claudio Demaria, diretor de Engenharia de Produto da Fiat, que foram sentidas ao volante.
Nas ruas
A versão que consegui testar foi um Essence 1.6 Dualogic. Havia os Attractive, Sporting e T-Jet disponíveis, mas também uma quantidade muito grande de jornalistas para cerca de 30 carros. Apesar disso, deu para perceber as principais alterações na linha 2013, andando pelas ruas da Capital Paulista. O conforto a bordo é bom para quem vai a frente e razoavelmente bom para quem vai atrás. O banco do motorista "veste" bem quem está ao volante, ainda que sem nenhuma pretensão de segurar em curvas mais fortes, e encontrar a posição ideal de dirigir não é tarefa das mais árduas. O volante, como já foi dito, tem boa pegada para as mãos, o que torna a condução mais agradável.
A transmissão, que é a mesma Dualogic Plus encontrada no Bravo, prima mais pelo conforto que pela esportividade. Se o motorista dirigir sem trocar as marchas manualmente, elas são passadas com rotação baixa, privilegiando mais o consumo que o desempenho. Mas, se a opção for por uma condução mais dinâmica, há a opção tanto das trocas manuais na alavanca como nos paddle-shifts atrás do volante. Apesar dos paddle-shifts incitarem uma condução mais esportiva, não é exatamente isso que se consegue. Nem tanto pelo motor, pois o 1.6 do Essence dá conta do recado, mostrando boa disposição já em rotações mais baixas e ganhando velocidade com boa desenvoltura (nada esportivo, mas bastante satisfatório para quem não quer desempenho de sobra – pra isso existe o T-Jet), mas sim pela maneira que o Dualogic interpreta as vontades do motorista. As novas funções, herdadas do Bravo (Creeping, Parabolic Gear Shift e Auto-up Shift Abort) realmente fazem diferença, e o câmbio está mais suave que os primeiros automatizados, mas os trancos ainda não desapareceram completamente. Uma troca no modo manual, por exemplo, deve ser feita aliviando o pé do acelerador para evitar que a rotação dê um salto antes da troca, como num câmbio manual comum. Mas, mesmo frustrando um pouco quem quer dar uma de Sebastian Vettel, o Dualogic com paddle-shifts pode ser até bastante divertido, desde que o motorista saiba encarar as limitações do câmbio da forma devida. As transmissões automatizadas de uma embreagem só já estão no limite do seu desenvolvimento. O próximo passo seria as transmissões de dupla embreagem, tecnologia que, por ora, soa tremendamente inviável em se tratando de carros nacionais.
T-Jet
A versão T-Jet foi a que mais recebeu alterações, frente aos outros Punto 2013. Externamente seus para-choques são diferentes do resto da linha, com um desenho mais agressivo na frente (e que casou até melhor com o "bigode"), e o traseiro tem uma peça que remete a um extrator de ar na parte inferior. Os para-lamas perderam a moldura sem pintura e o adesivo "T-Jet" na lateral ficou mais evidente. Por dentro, o quadro de instrumentos tem acabamento diferenciado (ainda que cada versão tenha um acabamento diferente no quadro de instrumentos), e o som, como dito acima, tem subwoofer. O T-Jet também ganhou o sistema DNA, que é a sigla de "Dinâmico, Normal e Autonomia". Através de um seletor próximo do câmbio, o motor passa por um remapeamento que traz mais desempenho ou economia. Caso o motorista coloque no "D" as respostas do motor ficam mais prontas, e no "A", o sistema "educa" o motorista a guiar de maneira mais econômica. De acordo com Claudio Demaria, pode-se conseguir uma economia de até 5% na cidade e 13% na estrada.
Interação social Um dos itens que mais foram falados pela Fiat no lançamento foi o sistema Fiat Social Drive. Através de um cadastro na montadora, o carro fica "conectado" ás redes sociais com a ajuda do sistema Blue&Me. O condutor recebe atualizações das redes sociais que ele faz parte, que são informadas pelos alto-falantes do sistema de som do carro.
Conclusão
As atualizações deixaram o Punto com fôlego para continuar na briga no segmento dos hatches premium no Brasil. Perfumaria para isso ele tem, resta saber se o desenho cairá nas graças do brasileiro – uma vez que não agradou 100% aos europeus – e se o Fiat Social Drive pegar mesmo, se tornará o principal diferencial do modelo frente aos concorrentes. Outra vantagem dele é a quantidade de versões, uma vez que, entre os rivais, não há nenhum que tenha várias versões, incluindo uma esportiva. Se o lançamento continuará com os bons números de venda e a boa aceitação que o Punto já possuía, só o futuro – e o mercado – dirão.