Fiat Grand Siena Attractive, JAC J3 Turin e Nissan Versa SV se enfrentam para decidir qual é o melhor no uso diário e nos finais de semana
O significado da palavra “compacto” nunca foi tão amplo entre os sedãs, literalmente. Amplo na oferta de modelos, no espaço interno e na abrangência da palavra: tenha o entre eixos de 2,37 m ou 2,60 m ele pode ser um, desde que o preço também não vá muito longe. Os três sedãs compactos escolhidos para este comparativo, Nissan Versa SV, JAC J3 Turin e Fiat Grand Siena Attractive, deixam tudo isso muito evidente diante de uma variação de preço de quase R$ 6 mil.
10 anos atrás, no começo de 2004, o segmento era um tanto restrito, representado apenas por Fiat Siena, Chevrolet Corsa Sedan, Ford Fiesta e Renault Clio Sedan. Destes, restou apenas o velho Corsa Sedan com a alcunha “Classic”, o mesmo Ford Fiesta prestes a sair de linha e o Fiat Siena, firme com a mesma geração daquela época a venda e também com sua nova geração, o Grand Siena. JAC J3 Turin e Nissan Versa representam fabricantes newcommers, ou seja, que não estavam no Brasil ou não exploravam o segmento na época.
Apesar do Versa ser 30 cm maior que o J3, o menor do trio, o embate é democrático no que diz respeito aos equipamentos. Todos os modelos avaliados possuem freios ABS, airbags dianteiros, vidros dianteiros elétricos, travas elétricas, direção com assistência hidráulica ou elétrica e computador de bordo entre os equipamentos de série, e não há nenhuma 1.0 disponível para nenhum deles. Tantos equipamentos e a falta de motores “um litro” soaria estranho há 10 anos. O bom desta evolução é que estes sedãs estão mais familiares. Apesar de muitas vezes serem o carro do dia-a-dia, estes pequenos três-volumes estão mais adequados à proposta de levar a família: ficaram mais amplos, estão mais completos e seus motores cresceram, garantindo assim mais disposição ao carro quando carregado com a família e sua bagagem. Resta saber qual dos três encaram melhor esta dupla jornada. 3° – JAC J3 Turin | R$ 39.290
Não foi exatamente pelas dimensões que o J3 Turin ficou na última posição, mas sim pelo aproveitamento delas. Os 4,15 m de comprimento, 1,65 m de largura, 1,46 m de altura e 2,40 m de entre eixos ficam pequenos diante de Grand Siena e Versa, porém o que pesa contra é o aproveitamento de espaço. O volante pronunciado torna a posição de dirigir bastante recuada, o que compromete o espaço para as pernas de quem viajar atrás, principalmente se tiver mais de 1,70 m.
Para casais com filhos pequenos o J3 Turin pode se mostrar interessante. Apesar de ser o mais barato do trio, é o mais completo. Único dotado de volante multifuncional e ainda revestido em couro, rodas de liga-leve, suspensão traseira independente, sensor de ré e faróis com regulagem de altura, porém fica devendo regulagem em altura para os cintos dianteiros – característica um tanto incomum – e para o banco do motorista.
O JAC J3 Turin consegue conciliar bem os cenários urbano e rodoviário, sendo compacto para o dia-a-dia e ao mesmo tempo apto para não fazer feio em viagens. O motor 1.3 (1332 cm³) 16v com comando variável na admissão bebe apenas gasolina – o que não vejo como problema, embora seja requisito do mercado – gera 108 cv a 6000 rpm e torque máximo de 14,1 kgfm a 4500 rpm entrega que, e se sente à vontade ao trabalhar em giros elevados. É nessa condição que o J3 mostra desenvoltura e agilidade para fazer uma ultrapassagem, ainda que o ruído do motor invada a cabine. O porta-malas com capacidade de 490 litros é respeitável para as dimensões do carro, e não fará feio na hora de receber toda a bagagem.
Pontos positivos:
- O único que conta com regulagem elétrica de altura dos faróis
- Quadro de instrumentos de fácil leitura
- Seis anos de garantia
- É o mais equipado dos três
- Não é flex
Pontos negativos:
- Carece de regulagem de altura para o banco do motorista e para os cintos dianteiros
- Marcador de combustível se mostrou impreciso
- Sistema de som não tem boa qualidade de reprodução
- Não é flex
=>JAC J3 Turin 2014 está mais maduro e mais “brasileiro” do que nunca 2° – Fiat Grand Siena Attractive | Preço básico: R$ 39.340 Preço avaliado: R$ 44.544
Não fosse o motor, se lançado há cerca de 15 anos o Fiat Grand Siena Attractive poderia até se passar por médio graças aos mimos que oferece, embora cometa alguns deslizes diante do preço cobrado. O computador de bordo informa até se há luz queimada no sistema e é o único deste comparativo com one-touch em todos os vidros elétricos, porém vidros elétricos traseiros figuram como opcionais bem como ar-condicionado e rodas de aço aro 15”, porque as de série são aro 14”. E a conta vai aumentando com a adição de equipamentos básicos esperados de um carro que custa mais de R$ 40 mil.
O que joga a favor deste Fiat é o aproveitamento do espaço. Ele é menor do que o Nissan Versa, mas consegue oferecer espaço adequado para as pernas e para a cabeça de quem viaja atrás, enquanto os mais altos tem de virar sua cabeça para sentar. Ainda é possível acomodar três pessoas de porte médio ali atrás. Eles ainda são beneficiados por uma saída de ar-condicionado localizada no topo do painel, que direciona o ar para a segunda fileira de bancos. Na impossibilidade de ter saídas exclusivas para o banco traseiro, uma boa sacada. Para o motorista não há regulagem em altura do banco, apenas para o volante. Ele também pode não gostar da disposição dos elementos do quadro de instrumentos, que ainda por cima tem grafia pequena, nem dos pedais deslocados para a direita – algo característico dos Fiat, mas que ainda assim incomoda.
Apesar de ter nas costas 1.069 km, o motor 1.4 8v Evo flex de 88 cv a 5.750 rpm e torque máximo de de 12,5 kgfm a 3.500 giros – sempre com etanol – faz o sedã parecer mais pesado em situações como retomadas e ultrapassagens, embora não seja ruim no anda-e-para das grandes cidades por entregar torque em baixos giros, e ainda é bastante silencioso. O câmbio manual de cinco velocidades, no entanto, fica devendo engates mais precisos. Se pegar a estrada com a família for algo comum, talvez esta não seja a melhor opção. Porém é a mais adequada para o uso essencialmente urbano. Com conjunto traseiro de eixo de torção derivado do Punto – o que faz a bitola traseira ser mais larga – o sedã surpreende pelo bom comportamento da suspensão ao contornar curvas e em manobras rápidas como mudanças de faixa, sendo confortável sem fazer a carroceria rolar muito. A suavidade percebida em vias de paralelepípedo, no entanto, pode ser culpa dos altos pneus 185/65 R14, de série nesta versão.
Entre os equipamentos de série da versão figuram chave-canivete, freios com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição da força de frenagem), airbag duplo, direção hidráulica, faróis de neblina, vidros elétricos dianteiros e trava elétrica. Fora as ausências já citadas, não há espelhos retrovisores elétricos, preparação para som tampouco sistema de som entre os itens de série. O Fiat Grand Siena Attractive peca por não ser equipado com equipamentos essenciais em sua faixa de preço, e por custar até mais que a Essence 1.6 (R$ 44.230) quando equipado, embora esta versão também fique devendo equipamentos. O J3 Turin, que não oferece o mesmo silêncio em movimento e não tem suspensão tão suave, ainda pode ser mais indicado para quem irá viajar muito com o carro.
Pontos positivos:
- Suspensão que transmite segurança acima do normal
- Computador de bordo completo
- Porta-malas de 520 litros
- Isolamento acústico
Pontos negativos:
- Pedais deslocados para a direita
- Apenas 1 ano de garantia total
- Cobra como opcionais itens que deveriam ser de série
- Leitura do quadro de instrumentos é ruim
- Bancos com regulagem de altura? Só na versão 1.6…
- Motor com asma
=> Fiat Grand Siena Attractive 1.4 é competente no uso urbano 1° – Nissan Versa SV | R$ 45.200
Este sedã mexicano é o mais caro dos três e ainda deve alguns equipamentos presentes no Fiat e no JAC. Então porque o Nissan Versa SV assumiu o 1° lugar neste comparativo? Ele é se sobressai no que realmente importa em um carro que será usado pela família. Com aspecto simples por fora, devido à ausência de faróis de neblina e rodas de liga-leve, por dentro o Versa SV é praticamente idêntico à versão topo-de-linha SL, que possui rádio com Bluetooth. Ao menos possui CD player com MP3 com boa qualidade de reprodução, quadro de instrumentos “Fine Vision” de leitura extremamente fácil, ar-condicionado e vidros elétricos em todas as portas, retrovisores elétricos e banco e volante com regulagem de altura como equipamentos de série.
Com 4,45 m de comprimento, 1,69 m largura, 1,50 m de altura e 2,60 m de entre eixos, o Versa é dono do maior espaço interno do comparativo. É grande a ponto de que, mesmo com os bancos dianteiros recuados totalmente, ainda resta o mesmo espaço que o Grand Siena oferece normalmente para quem viaja no banco de trás. O único problema é que o caimento acentuado do teto compromete o conforto de qualquer pessoa com mais de 1,80 m que ousar ocupar o banco traseiro. O motor 1.6 16v flex é um dos destaques do Versa. Com bloco de alumínio e comando variável de válvulas na admissão, gera 111cv de potência a 5600 rpm (etanol/gasolina) e 15,1kgfm de torque a 4.000 rpm (etanol/gasolina), este motor está sempre bem disposto, até mesmo quando sai da imobilidade, transmitindo a sensação de o carro pesar cerca de 800 kg, ainda que seus 1.052 kg seja a menor massa dos carros aqui comparados. Em verdade, este motor se comporta melhor que a maioria dos motores deste mesmo tamanho disponíveis no mercado. O câmbio de 5 marchas, apesar de um pouco longo, casa muito bem com o motor.
A suspensão dianteira, independente do tipo McPherson é bastante firme e transmite parte das irregularidades do piso, enquanto a traseira, por eixo de torção e com molas helicoidais é macia, voltada para o conforto do passageiro, e mais suscetível a qualquer peso sobre seu eixo. Ainda que a carroceria role um pouco em curvas, a sensação de estar “na mão” está sempre presente. Mas é verdade que quando o porta-malas de 460 litros – o menor do comparativo – estiver carregado a traseira do Versa abaixará mais que a dos demais modelos vistos aqui. O Nissan Versa leva este comparativo por abrir mão de itens não tão necessários – rodas de liga-leve e faróis de neblina – em troca de maior espaço interno e mais vigor para quaisquer situações, seja estrada ou uso urbano.
Pontos positivos
- Motor ágil
- Espaço interno
- Câmbio justinho
Pontos negativos
- Espaço para a cabeça no banco traseiro, ou melhor, a falta dele
- Porta-malas raso
- Simplicidade do design
=> Nissan Versa SV 2014 cumpre bem a função de carro familiar
Galeria
Fotos | Fabio Perrotta (Portfolio)
Colaboraram Luiz Felipe Mello e Fabio Perrotta Junior