5º dia – quarta feira, 25 de dezembro de 2013
Navegando em mares calmos rumo ao final
“Sailing
Takes me away
To where I’ve always
Heard it could be” Christopher Cross já cantava na balada romântica de 1980: Navegue. E aí fui me entender com Trailblazer na última perna de nossa viagem. Era hora do regresso. Com o conhecimento adquirido em outros verões, sabia que seguramente a estrada estaria vazia nesse dia. Meu plano era, saindo de Itambacuri às 9 horas de uma manhã ensolarada, chegar antes do anoitecer em Belo Horizonte. Um trajeto de 430 quilômetros que poderia ser cumprido com seis horas nas situações normais de tráfego e sem chuvas, e também sem pressa para percorrer o que nos esperava.
Estando folgado com tempo, ao contrário do dia que fui para o nordeste mineiro. Sendo assim, era hora de aproveitar a paisagem e desfrutar do carro. Estavam comigo meu pai e meu primo, instalados com todo conforto e sem qualquer ponto a reclamar. O sistema de som foi observado e aprovado nesse trecho da avaliação, com boa reprodução em todas as frequências sonoras e fácil operação. O modelo avaliado estava equipado com a melhor variação do MyLink, de série na Trailblazer, com tela táctil e comandos de som no volante. Neste há navegação por GPS independente do app BringGO instalado no smartphone e há leitor de CDs e DVDs, mas mantém capacidade de reprodução de vídeos e fotos nos mais diversos formatos de mídia digital. Ainda em relação aos controles, o Cruise Control também tem um excelente funcionamento, com sua operação também por botões no volante. Sua capacidade de manter a velocidade escolhida em subidas ou descidas é satisfatória, configurando um fator de descanso a mais para o condutor e, de quebra, com operação indiscutivelmente melhor que de sua principal concorrente, a Hilux SW4.
Comigo e mais dois passageiros tripulando a Trailblazer, novamente ficou claro a vastidão de espaço do veículo. Ainda assim, a robusta suspensão traseira insistia em quicar e saltar, embora fosse de excelente valia no asfalto castigado das estradas federais mineiras (o porto de Mariel manda abraços). Assim seguimos até Ipatinga, a única parada da viagem, para que meu pai desembarcasse. Ele, a propósito, que aparentemente se tornou um entusiasta da Trailblazer, tecendo alguns elogios concisos ao carro. Retomamos a viagem tal qual o ritmo anterior. Reduzindo bem e com antecedência antes das curvas, a Trailblazer não sofre tanto com a rolagem (inclinação lateral) e a arfagem (frente “mergulhando”) nas frenagens e nas curvas. Vencido o trecho sinuoso, uma pressão extra no acelerador era mais que suficiente para que ela chegasse à velocidade desejada, deixando uma variedade de carros no vácuo com suas retomadas na serra.
Eis a chave do sucesso: frenagem mais suave que o comum, curvas de raio longo e com apoio sólido. Depois acelerar. Assim, a Trailblazer navegou sem problemas por todo trecho de estrada, causando menos torção do chassi e perda de aderência dos pneus. Se ela não é fã das curvas, façamos com que ela as sinta menos. Desta forma, adentramos a capital dos mineiros com pouco menos de 6 horas de viagem, sem crise com o grande Chevrolet e com tempo de sobra para andar pela cidade. Estando Belo Horizonte um lugar desértico, estacionar a Trailblazer nas ruas não foi nenhum percalço. Nos diversos lugares em que estive com ela, as balizas eram auxiliadas pela câmera auxiliar na parte traseira do veículo, que projeta automaticamente as imagens na tela da central de mídia. Ponto negativo é a facilidade com que a sujeira se adere à câmera, sendo necessário limpá-la frequentemente.
Após levar meu primo – que também aprovou veementemente a Trailblazer – à rodoviária, fui para casa dormir. Acordei cedo no dia seguinte, entrei na Trailblazer, abasteci a mesma e pé na estrada rumo ao Rio de Janeiro. Nessa hora, a média de consumo de combustível estava estacionada nos 9,5 km/l, e assim ficaria até o final do road test. Não é ruim pelo peso e aerodinâmica do veículo, mas também longe de ser excepcional. Ainda no que se refere à aerodinâmica, em momento nenhum ruído de vento foram ouvidos, o que mostra um bom isolamento acústico. Idem para a intromissão de pó, que em momento nenhum foi percebido e também comprova a excelente hermeticidade do habitáculo. Abastecidos, ela e eu, navegamos com calma até o Rio. Com uma BR 040 também esvaziada, rapidamente cheguei aos domínios de Sérgio Cabral e posteriormente ao de Eduardo Paes. Foi o fim da nossa jornada, após pouco mais de 2.000 quilômetros rodados. E aí começou, por outro lado, o turbilhão de imagens, sentimentos e ideias que dariam origem a meu veredito.
E aí, Renato, compensa?
Eu digo: depende do seu uso. No meu caso, em específico, não. Meu uso é mandatoriamente em cidade e estradas asfaltas, em viagens com médias horárias em ritmo elevado com alguma frequência. Para mim, com os R$ 170.000,00 pedidos pela Trailblazer, um sem número de opções me atenderiam melhor com desempenho puro e cru, sem esquecer-se das facilidades dos itens de conforto e conveniência. E, mesmo gostando muito do mundo fora de estrada, me agrada mais a ideia de manter dois carros para uso distinto do que tentar reunir em um veículo apenas.
Mas há o outro lado da moeda. Se você é apaixonado por pick-ups e seus derivados, nenhuns dos meus argumentos serão necessários para convencê-lo do contrário. Assim como seria inútil demover a ideia de compra-la da cabeça de um aficionado por motor Diesel, uma vez que esse é um dos principais pontos fortes do carro. Em paralelo, se você lida constantemente com terrenos acidentados com a mesma intensidade que lida com estradas ruins, e o tamanho não é fator negativo em sua vida urbana, compre-a. Se, além disso, um bom espaço interno for mandatório, principalmente no que tange a carregar sete passageiros, torna-se então quase imbatível. Fim de festa. RP
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Galeria
Fotos | Henrique Rodriguez e Johanns Lopes