Nissan March 1.6 S 2015 – Somente o necessário

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Versão é simples, mas tem tudo que você precisa – inclusive motor

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Ontem falávamos dos equipamentos que estrearam recentemente entre os compactos. Agora faça um exercício de desapego e enumere os equipamentos que você realmente precisa no dia-a-dia. O Nissan March 1.6 S é pra quem quer viver com o suficiente, mas com motor de sobra.

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Mogli e Balu já cantavam “Necessário, somente o necessário” há 47 anos. Parece que essa música é uma das prediletas do March 1.6 mais barato. Em sua lista de equipamentos figuram ar-condicionado, direção elétrica, conta-giros, retrovisores com regulagem elétrica, vidros elétricos nas quatro portas, abertura elétrica do porta-malas, preparação para som (fiação e antena), rodas de aço aro 14″ com calotas, computador de bordo e os obrigatórios airbags dianteiros e freios ABS com controle eletrônico de frenagem (EBD). E só. Custa R$ 37.490, uma grana considerável para um compacto, mas não é ruim para um 1.6.

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A unidade avaliada contava com uma série de acessórios. Vamos à lista: rádio double-din Pioneer com conectividade para iPhone e iPod e dois alto-falantes (R$ 988,90), sensores de ré (R$ 159,90), tapetes de carpete (R$ 349,90), frisos nas portas (R$ 199,90) e alarme com automatizador dos vidros – antiesmagamento e one-touch inclusos – que deveria ser de série mas custa R$ 1.122. Um total de R$ 2.820,40 de acessórios, sendo que ainda falta a mão de obra de instalação para alguns. A fatura, portanto, passaria dos R$ 40.310, sendo que o March mais caro custa R$ 42.990. Rá!

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Mesmo parte dos acessórios sejam supérfluos e dispensáveis, o March 1.6 S tem tudo que você precisa para não sentir raiva do carro. Não vai passar calor, não vai precisar exercitar seus músculos para virar o volante, se alongar para ajustar o retrovisor direito ou precisar girar o miolo da chave para entrar no carro. Também não vai passar aperto.

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O novo design do March resultou em aumentos ínfimos nas dimensões, que se mantiveram praticamente as mesmas: são 3,83 m de comprimento (4,7 cm a mais em relação ao March antigo), 1,68 m de largura (+1 cm) e 1,53 m de altura, e mais 2,45 m de entreeixos. O porta-malas mantém seus 265 litros de capacidade.

O foguete que não decola mais

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Você aperta o botão na chave simples (nenhum March tem chave canivete, uma pena), abre a porta e se senta. Regula a altura do banco e do volante, e depois vive uma sensação de “Déjà vu ”. Em comparação com o antigo March, importado do México, muda apenas a parte superior do console, onde as saídas de ar redondas deram vez às quadradas, e o volante. Só a versão mais cara, SL, tem um console inédito. Os plásticos são simples, mas ao menos são bem encaixados. A essa altura você já percebeu que a ergonomia do March é boa, ainda que o encosto do banco seja um pouco estreito e o assento curto. Quem sentar atrás perceberá que o espaço é suficiente para dois passageiros.

É chegada a hora de girar a chave e acordar aquele que é responsável por fazer você se contentar com um carro tão modesto: o bom motor 1.6 16V, com comando de válvulas de admissão variável que obedecem uma corrente e que gera 111cv a 5.600rpm e 15,1kgfm de torque a 4.000rpm, seja com o combustível fóssil ou com o vegetal.

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Este motor que gosta de girar, mas fica dependente do câmbio manual de cinco marchas com relações curtinhas. Mesmo com as duas primeiras marchas mais longas que as usadas no 1.0 e diferencial mais longo, é possível contornar uma esquina a cerca de 35km/h em quarta marcha sem prejudicar o rendimento do motor – e pior, sem que você perceba o que está fazendo, achando que o carro de segunda marcha.  Mas há o que melhorar: a primeira marcha gera o mesmo barulho de engrenagem que a ré – rebelde para ser engatada – e as primeiras marchas tem engates imprecisos.

Motor potente + câmbio curto + 964kg nas costas (desconsiderando o motorista roliço) = compacto muito esperto, mais rápido que praticamente todos os compactos 1.6 e que os médios 2.0. Com essas calotinhas e a estranha combinação de retrovisores pintados e maçanetas sem pintura, você não dá nada por este March. A surpresa vem nos números: nas medições da Nissan ele chega a 100km/h em 9,5s e a uma máxima de 191km/h.

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Esta faceta (de foguete) do March já era conhecida, mas após esta reestilização ele transmite muito mais segurança para o motorista. A Nissan aproveitou a produção local para recalibrar a suspensão e, no fim das contas, instalou os amortecedores do Versa, com curso 7 mm maior na dianteira e 9 mm maior na traseira. Acima dos 100km/h o carro está mais estável, sofrendo menos com ventos laterais e com ondulações na pista. Não parece que ele vai decolar a qualquer momento, como acontecia com o antigo. Ajuda também a nova calibração da direção elétrica, que continua leve para manobras mas está mais pesada em altas velocidades.

Sabemos que chegar a 100km/h não é problema para o Nissan March, o problema é manter. Numa reação em cadeia, o câmbio curto faz o motor trabalhar a 3000rpm aos 100km/h, e por causa do isolamento acústico insuficiente seu ruído invade a cabine, assim como o barulho da rolagem dos pneus. Pior ainda é o vento batendo nos vidros laterais traseiros e fazendo barulho como se eles estivessem abertos e, instintivamente, você tenta os fechar. Mas eles já estão fechados. Conversar nestas circunstâncias é como participar de um debate com políticos do extinto PRONA – ou quase isso. É o March clamando por uma sexta marcha.

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Por mais simplória que esta versão seja, por mais que o isolamento acústico e o câmbio não sejam perfeitos, nada disso tira do March 1.6 S a capacidade de divertir o motorista. Pelo contrário: as “falhas” deixam a peça entre o banco e o volante ainda mais próxima ao carro. É aquele carro que não vai te deixar na mão numa ladeira ou ultrapassagem e que ainda é capaz de te deixar ansioso para sair para o trabalho às 4h da manhã só porque as ruas estarão vazias. Às vezes isso realmente é necessário.

Galeria
Fotos | Fabio Perrotta

Ficha Técnica:

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