Apesar do tamanho, sedã se sai bem com motor de três cilindros
Os concorrentes do Nissan Versa mudaram bastante ao longo dos últimos três anos, mas o período também valeu de experiência para o sedã compacto entender como as coisas funcionam por aqui. Agora fabricado em Resende (RJ) junto com o March – antes os dois vinham do México –, o Versa 2016 mostra o que aprendeu com um tapa no visual e inédita opção de motor 1.0. Existe algo mais brasileiro do que um sedã 1.0?
Sim existe. Só que, entre os automóveis, uma das coisas mais exóticas que dão certo por aqui são os sedãs compactos com um pequeno motor 1.0. Tão comum na concorrência que o Nissan Versa entrou na dança e passa a ter duas versões com o motor 1.0 de três cilindros flex que acaba de estrear no March. E o modelo ainda tem uma nova versão topo de linha com equipamentos inéditos no Versa. Para que nada disso passe em branco, novas versões e novo motor estão acompanhados de uma tapa no visual. O Nissan Versa ganhou faróis maiores e novos grade, capô e para-choque que juntos formam um conjunto que lembra uma flecha na dianteira do sedã, mais dinâmico do que o que se tinha antes. Na traseira a novidade é o para-choque com reentrâncias na parte inferior, além de uma peça de plástico preto no meio simulando um extrator.
As dimensões continuam avantajadas. São 4,49m de comprimento, 1,69m de largura, 1,50m de altura e entre-eixos de 2,60m. São dimensões de sedãs médios de quatro anos atrás e que agora podem ser assumidas por um pequeno motor 1.0. Subestimei e me enganei. O Nissan Versa 1.0 consegue deslanchar tão bem quanto o March. O sedã chega aos 80km/h sem parecer ofegante como o Siena EL 1.0 que eu havia dirigido na véspera para atualizar meus parâmetros, mas depois disso sente suas limitações e o tempo parece passar um pouco mais devagar até chegar aos 100km/h.
Não é demérito. O que o cliente de um sedã compacto 1.0 busca é um carro com bom espaço interno por um preço baixo para rodar na cidade. Como o motor três cilindros entrega 85% de seu torque a 1600rpm, as saídas são mais animadas e essa característica vai ajudar bastante quando o carro estiver cheio, mas ainda não são números que o favoreça em ladeiras: os 10kgfm de torque máximo do motor aparecem aos 4000rpm enquanto os 77cv surgem a 6200rpm. É modesto, mas coerente com a proposta.
E o bom disso tudo é que o motor 1.0 não faz feio no consumo, mesmo quando exigido. Consegue média de 12,4km/l na cidade e 14,8km/l na estrada com gasolina, enquanto com álcool esse rendimento cai para 8,5km/l na cidade e 10,4km/l na estrada. Sem qualquer preocupação com consumo consegui média de 9,9km/l com álcool na estrada, nada mal. E o Versa 1.0 ainda manteve coisas boas do antigo 1.6, como a suspensão que lida bem com asfalto irregular e garante controle ao motorista mesmo em curvas fechadas. Mas algo que fez bastante diferença foram os pneus: os novos Continental Power Contact são mais macios, silenciosos e aderentes do que os velhos Maxxis. O Nissan Versa 1.0 mais em conta custa R$ 41.990 e tem equipamentos como ar-condicionado, direção elétrica, computador de bordo, vidros dianteiros, travas e retrovisores elétricos, regulagens de altura do banco do motorista e do volante, alarme com acionamento na chave e rodas de aço aro 15” com calotas.
Em seguida vem o Versa S 1.0, que soma à lista CD Player com Bluetooth com comandos no volante – que é o mesmo do Sentra – e rodas de liga leve aro 15”. Custa R$ 44.990. O motor 1.6 16v está mantido nas versões mais caras. Rende os mesmo 111cv a 5600rpm e 15,1kgfm de torque a 4000rpm, mas agora tem sistema de partida a frio sem tanquinho que ainda o torna até 40% mais eficiente quando o motor ainda não trabalha em temperatura ideal.
A principal diferença para o 1.0 é que no 1.6 o motor trabalha com folga e não precisa se esforçar para manter a velocidade. Um câmbio manual de seis marchas cairia como uma luva para reduzir os giros em alta velocidade (são 3000rpm a 120km/h). Diante de toda preocupação com ruídos e vibrações do motor de três cilindros, terminou que o isolamento do ruído do motor 1.0 é melhor do que para o 1.6.
Outra novidade é o Nissan Versa Unique, que assume o posto de versão mais cara do sedã. Custa R$ 54.990 e mira em quem busca equipamentos que, em muitos casos, já são padrão na concorrência. Por exemplo, só o Unique tem faróis de neblina e sistemas Isofix e Latch para fixação de cadeirinhas infantis. Mas há destaques como a parte central do painel em preto brilhante, central multimídia com tela de 5,8 polegadas, navegador e câmera de ré e rodas de liga leve aro 16”, além de bancos, volante e alavanca de câmbio revestidos em couro. De automático só tem o ar condicionado digital, mas câmbio não.
Mas há versões 1.6 mais acessíveis. Por R$ 46.490 leva-se para casa o Versa SV, que soma amenidades à lista da versão S, como abertura interna do porta-malas – que também ganha iluminação -, maçanetas internas e botão do freio de mão cromados, quadro de instrumentos Fine Vision – mais amplo e com iluminação branca. Curioso que só a partir desta versão o sedã ganha itens banais como alças de teto e luz de salão na parte dianteira. E as rodas são de aço aro 15”.
Antiga versão topo de linha do Nissan Versa, a SL custa R$ 49.490 e acrescenta bancos forrados em camurça, bancos traseiros rebatíveis, vidros elétricos traseiros, cintos de três pontos para todos os passageiros – mas sem encosto de cabeça para o quinto ocupante –, portas com parte do revestimento em tecido e rodas de liga leve aro 15”. Com novas versões, motores e novos equipamentos o Nissan Versa 2016 está armado para encarar concorrentes de peso, como Fiat Siena, Chevrolet Prisma, Volkswagen Voyage, Hyundai HB20S e Renault Logan. Mas Nissan mira nas versões mais caras dos concorrentes: espera que 20% das vendas sejam das versões 1.0 e um terço do total responda pela versão Unique. Com qualquer um dos motores a promessa é ter o menor custo de manutenção do mercado até os 60000km, totalizando R$ 1.854 nas seis revisões programadas. A garantia é de três anos e há dois anos de serviços de emergência 24h.