Picape evolui em relação à geração anterior e ganha fôlego entre as médias
Alguns dias atrás, o Primeira Marcha contou tudo sobre a nova Toyota Hilux, apresentada na Argentina. Com novo motor e uma nova estrutura de ofertas, a picape agora tem preço inicial de R$ 114.860 e chega a salgados R$ 188.120. Faltou contarmos como anda esta nova geração da caminhonete…
Antes, porém, é importante ressaltar que, como em qualquer mudança de geração, as alterações na Hilux não se resumem apenas ao visual. A mais importante está onde não se vê. O chassi, base de toda a força estrutural das picapes, foi enrijecido em 20%, segundo a Toyota. A fabricante usou aços de alta resistência, mais leves que o convencional, e aumentou em 44% os pontos de solda. Tudo isso aliado aos reforçados pivôs da suspensão resulta em maior estabilidade. Contamos mais adiante.
Nós andamos na Hilux SRX, a topo de linha. A picape é bem equipada e tem todo o refinamento de um utilitário que quer ser sedã. Bom acabamento, assentos confortáveis com revestimento em couro e bons materiais. A conveniência fica por conta da nova central multimídia com GPS e TV digital e da tomada de 220v para carregar celular e outros dispositivos. Vem com assistente de partida em rampas, controle de estabilidade e controle de tração, presentes também na SRV, imediatamente abaixo, e ainda conta com o assistente de controle em declives. Os indefectíveis airbags (sete, neste caso, com o de joelho e os laterais e de cortina), ar-condicionado (digital com saídas de ar para os bancos traseiro), freios ABS, vidros, travas e retrovisores elétricos, é claro, estão presentes.
Esteticamente, a Hilux perde aquele visual anacrônico e o jeitão de carro da década passada. As linhas deixam a grandalhona até um pouco mais sofisticada. É possível ver, inclusive, alguns traços do Corolla na dianteira que tem nova grade e faróis mais alongados. Na versão avaliada, eles recebem LEDs. Já o para-choque, mais musculoso, não deixa fugir a aparência robusta da picape.
Estamos em Mendoza, Oeste da Argentina, com a Cordilheira dos Andes servindo de parede entre nossos vizinhos e o Chile. Em meio a cruzes e altares, espalhados por quase todo o entorno da Ruta Provincial em tributo às vítimas de acidentes naquela estrada, começamos nossa avaliação da Hilux, acompanhados de um instrutor. Somos três jornalistas e, com um colega de aproximados 1,80m ao volante, não falta espaço ali atrás. O isolamento acústico também agrada.
Logo assumimos o volante. E já que o teste era curto, ligamos logo o modo “Power”, que dá um fôlego maior ao utilitário. Ali deu para perceber a boa progressão do motor – que, aliás, é novo e anima todas as versões da Hilux. Movido a diesel, tem 2.8 litros, 177cv de potência e 45,9kgfm de torque. Ao pisar no acelerador, o ponteiro do velocímetro sobe rapidamente e sem fazer esforço. No entanto, falta agilidade em algumas retomadas.
A avaliação foi dividida em três partes. A segunda foi um caminho de terra, muito curto, mas bastante sinuoso. Travado e com curvas fechadas, foi bom para avaliar a estabilidade e o trabalho da suspensão. A Hilux absorve bem os ataques vindos do solo castigado, do pequeno caminho aberto em meio à “jarilla”, vegetação típica daquela região. E ainda se mantém sempre durinha nas mãos do motorista.
Para a última parte do teste, a Toyota reservou um pequeno trecho onde os principais atributos da Hilux poderiam ser avaliados. Um circuito com pedregulhos, troncos, subidas e descidas íngremes, além de verdadeiras crateras. O início foi ladeira acima e o assistente de partida em subidas foi um grande aliado na missão de tirar a caminhonete da inércia.
Mas o momento mais interessante foi a hora de descer. Ali, onde dizem que todo santo ajuda, quem entrou em ação mesmo foi o “DAC”, como a Toyota chama o assistente de controle em declives. Sem precisar tocar os freios, a bruta desceu tranquilamente, enquanto a preocupação ao volante era apenas mantê-la na direção correta. Cronometrados quatro minutos e meio, e fim de papo.
Passamos pouco temo ao volante da Hilux. Uma pena, dada a importância do carro, que briga cabeça a cabeça com a Chevrolet S10 pela liderança do segmento de picapes médias. É como ver aquele futuro craque do seu time entrar no jogo aos 43 do segundo tempo. Ao menos a vista para os Andes, aos pés do congelado vulcão Tupungato, compensou.
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