59,8% de todas as versões dos carros vendidos no Brasil têm o sistema
Este humilde escriba trafegava tranquilamente com seu compacto metido a esportivo pela BR 116 em algum lugar do leste mineiro. Uma curva fechada para a esquerda, precedida por uma reta com diversas depressões, mas que me permitia manter pouco mais de 120 km/h com segurança. E foi aí que veio ela: a treta.
Surge no meu retrovisor uma S10 LTZ, do último modelo. Sensivelmente mais rápida do que eu – que não estava exatamente devagar. Do jeito que vem, sai e me ultrapassa já na entrada da curva. Lembra das depressões? Pois bem: quando curvava para a direita voltando para sua faixa de rolagem, a pick-up já é catapultada para cima. E a curva é para a esquerda. Cenário pronto para uma perda de controle e uma tragédia anunciada. O motorista da S10 joga a pick-up para a esquerda, eu espero uma perda de aderência súbita na traseira e consequente sobre-esterço, os pneus cantam…e nada. Como uma mágica, a Chevrolet mantém sua trajetória e segue seu destino, a despeito da irresponsabilidade de seu motorista.
Sim, os gnomos eletrônicos salvam vidas. Disso nós não temos dúvidas. O controle de estabilidade trabalha através de uma análise conjunta de acelerômetros que medem os movimentos da carroceria, bem como o monitoramento da aderência de cada uma das rodas de forma individual. Se, porventura, o “cérebro” do equipamento percebe, através da leitura dinâmica de seus sensores, que o veículo está perdendo aderência e saindo de seu rumo, o mesmo aplica frenagem de forma individual nas rodas do automóvel, modulada em questão de frações de segundos, de forma tal a trazer o automóvel novamente até o rumo pretendido.
Sim. Mas convenhamos: essa tecnologia é recente. Embora um sistema rudimentar tenha aparecido em 1983 no Toyota Crown, apenas em 1995 tivemos acesso ao controle de estabilidade como conhecemos, estreando no luxuoso S600 Coupe da Mercedes-Benz. No nosso país, começa agora a perder o estigma de “equipamento de carro caro”. Já está presente em carros mais acessíveis, ainda que nas versões mais caras (caso de Ford Ka, Renault Sandero, Volkswagen Saveiro e Fox, por exemplo).
Levantamento divulgado esta semana pelo CESVI (Centro de Experimentação e Segurança Viária) aponta que o número de versões com controle de estabilidade cresceu 22,5%. Consideraram os 299 modelos de veículos nacionais e importados à venda no país em 2015, que juntos têm 917 versões. Destas, em 549 o item era de série; em 2014, apenas 499 eram equipadas com a tecnologia. Isto também significa que o 59,8% das versões tem o equipamento, o que é um baita número!
Nova regra do Contran publicada em dezembro prevê que em 2022 o controle de estabilidade será obrigatório em todos os carros zero quilômetro. A partir de 2020 já será obrigatório para novos projetos homologados no Denatran.
Mas ainda precisamos ter em mente que maioria absoluta dos carros que trafegam por nossas estradas e ruas são desprovidos deste providencial auxílio. Logo, o quadro que temos é que nossos motoristas sabem conviver sem o ESP. Será? Quantos acidentes poderiam ser diretamente evitados com este sistema? Será que é uma parcela significativa nos nossos índices de sinistros? Visto por outro prisma, quantos são os motoristas que, em caso de perda de controle do seu veículo, sabem o que fazer de forma clara e têm a reflexo para tomar a atitude correta em uma fração de segundos?
Vamos, compartilhe conosco o seu conhecimento e experiência. Qual é sua opinião sobre a importância do controle de estabilidade? É primordial na compra do seu carro ou você vive bem sem? Já foi salvo por ele? Deixe seu comentário abaixo!