Agosto de 2011. Um comercial de TV pergunta se você já viu um carro de três portas e mostra um cupê vermelho com design bastante chamativo que teria motor 1.6 com 140 cavalos. Era o Hyundai Veloster, que fecharia aquele ano como um fenômeno de vendas – 3.956 unidades emplacadas em quatro meses. Mas nem todo mundo ficou satisfeito com o que foi entregue, caso de Denis Nicolini, que comprou um Hyundai Veloster em 2011 e resolveu cobrar na justiça itens que não vieram em seu carro.
A principal reclamação do consumidor foi do motor. Na hora da compra a revendedora prometeu um Veloster com injeção direta de combustível, que garantiria um consumo de 15,4 km/l. Mas é sabido que o Veloster vendido no Brasil motor 1.6 16V com injeção multiponto, mesmo motor do Kia Cerato e do Hyundai HB20, mas que a importadora Hyundai-CAOA anunciava com 140 cv (embora gere entre 126 cv e 128 cv em outros carros), cujo consumo passa longe do que foi dito.
Ao retirar o veículo da concessionária, Nicolini também verificou que o carro não tinha vários itens que haviam sido anunciados, como navegador GPS, oito airbags, porta-óculos, bancos dianteiros elétricos e kit com oito alto-falantes. O preço do carro na época foi de R$ 75.700.
Houve uma tentativa de acordo com a CAOA, mas sem sucesso. Na justiça, sentença, a Hyundai-CAOA conseguiu apenas a redução de pagamento por danos morais (de R$ 20 mil para R$ 15 mil), mas a decisão foi favorável ao cliente. A Justiça ainda confirmou e determinou a substituição do carro de Nicolini por um Veloster 0 km exatamente com as mesmas características anunciadas na época da compra.
Há um porém. Após meses de sucesso nas vendas, o Hyundai Veloster virou motivo de piada. A despeito do design esportivo, tinha desempenho mediano digno de um hatch médio 1.6. Com o passar do tempo, suas vendas caíram tanto a ponto da Hyundai deixar de importá-lo no final de 2013. Ou seja, a Hyundai-CAOA terá de importar um Veloster novinho com um motor que nunca foi vendido no Brasil (no caso, o 1.6 GDI com injeção direta e 140 cv).
Mesmo que depois de anos, Denis Nicolini fez valer seu direito e ainda deverá receber o Veloster mais potente deste país. Quem deu continuidade a esta ação foi o escritório de advocacia Ivan Endo.