Primeiras impressões: Renault Kwid chega para ‘causar’

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Há muito tempo um carro não causava tanto rebuliço. O responsável por isso é o Renault Kwid, o tal SUV dos compactos, como a marca afirma. Mas antes de mais nada, vamos deixar tudo bem claro. Apesar do design do carro nas fotos aparentar grandeza, é preciso ficar atento ao segmento em que ele se encaixa. Trata-se de um subcompacto com medidas enxutas. Para se ter uma noção, os concorrentes do Kwid são o Volkswagen Up! e o Fiat Mobi.

Sim, caro leitor. Não espere que um carro que custe a partir de R$29.990 seja enorme. O Kwid é aquele típico carrinho urbano. A classificação de utilitário se dá por conta dos bons ângulos de entrada e saída, além dos 18 cm de altura do solo – maior que a do Honda HR-V. Dito isso, podemos seguir adiante. O sucesso esta sendo grande: a fábrica de São José dos Pinhais (PR) abriu o terceiro turno e teve de contratar mais 600 pessoas depois da fila de espera (alardeada pelo próprio fabricante) durante a pré-venda do modelo. Para se ter uma ideia, o prazo para entrega de carros vendidos atualmente é só para novembro.

Assim como foi divulgado durante o lançamento em Buenos Aires, o Kwid chega em três versões: Life (o modelo marrom das fotos), Zen (o vermelho) e Intense (o laranja). Os preços partem de R$29.990 e não sofrerão aumento, segundo palavras do próprio presidente da marca. De acordo com a marca, apesar da plataforma ser igual à do modelo asiático, 80% do modelo produzido no Paraná foi desenvolvido no Brasil. Prova disso é o cuidado redobrado com a segurança, tão contestada no modelo indiano. Todas as versões são equipadas com airbags frontais obrigatórios, laterais dianteiros e sistema Isofix nas duas pontas do banco traseiro. Ar-condicionado, direção com assistência elétrica e central multimídia variam de acordo com a versão.

O motor é o mesmo que equipa o Sandero e o Logan, mas com diferenças no cabeçote, que perdeu o comando de válvulas variável. São até 70 cv de potência e 9,8 kgfm de torque. A mudança, segundo a Renault, é para melhorar o consumo de combustível: as médias urbanas são de 15,2 km/l com gasolina e 10,5 km/l, com etanol. De acordo com o fabricante, o conjunto mecânico será capaz de levar o pequenino aos 100 km/h em 14,7 segundos, com velocidade máxima de 156 km/h. O câmbio é sempre manual de cinco marchas.

Na prática

Mas isso tudo já era sabido. A novidade é a forma como o carro se comporta. Dirigimos a versão Intense, topo de linha (R$ 39.990). O percurso exclusivamente urbano e de aproximadamente 15km não ajudou muito. A chuva acabou transformando o – já ruim – trânsito de São Paulo em um caos. No primeiro contato, fica claro como a posição de dirigir é alta. A coluna de direção não possui regulagem de altura, assim como o banco. Por conta disso, você se senta alto de qualquer jeito. Em compensação, a ergonomia é boa.

Os acabamentos são de plástico duro, mas que têm boa aparência e não apresentam falhas de encaixe ou rebarbas. A versão topo de linha traz detalhes em black piano no painel, além de uma faixa branca decorativa no entorno da central multimídia. É tudo bem simplório, mas bastante honesto. Um dos poucos carros no Brasil que passam a sensação de que podem valer realmente o que cobram. O pino que mostra se a porta está travada ou não é bem antiquado e poderia ter sido evitado. A direção elétrica é levinha como manda o figurino. Em manobras, o volante não pesa nada. Com o carro andando, a progressividade é boa e passa segurança.

E o motor?

O 1.0 de três cilindros é bem parecido com o que já equipa o Sandero e o Logan. A principal diferença é o comando de válvulas simples para baratear o projeto. São até 70 cv de potência para 790 kg de peso (em ordem de marcha). Esses números resultam em um desempenho justo. O Kwid vai bem em trânsito urbano. O carrinho é bem ágil e, devido ao entre-eixos curto, é bem divertido. A falta do comando variável exige que o motor gire alto para render bem. Os engates do câmbio são bons, melhores do que o da dupla Sandero/Logan. Ponto positivo também para o escalonamento, bem confortável para cidade. Mas basta uma subidinha para se lembrar que estamos em um 1.0…

O maior problema é a vibração. É verdade que motores três cilindros tendem a vibrar mais que os com quatro, mas no Kwid isso é excessivo. As saídas de sinal são sempre acompanhadas por um “tremelique” da carroceria. É incômodo, mas, com o tempo, acostuma-se com isso. Incômodo também é o barulho do motor na cabine. Parece que a Renault aproveitou e economizou no isolamento acústico…

A suspensão é durinha, mas não compromete muito o conforto a bordo. Os passageiros do banco de trás que podem sofrer um pouco com isso. Esse tipo de comportamento é comum em carros subcompactos, e acontece também no Up! e no Mobi. As mudanças de direção, contudo, são acompanhadas de uma rolagem considerável da carroceria. Estranho, mas só poderemos ter uma ideia melhor com mais tempo ao volante. Os freios tem uma modulagem um pouco estranha,no entanto, param o carrinho com eficiência.

Aí o caro leitor pergunta: vale a pena? Sim! Joga muito a favor o custo benefício. Por R$39.990, o Kwid tem espaço interno justo – o assoalho plano no banco de trás ajuda. O porta-malas tem 290 litros, é maior que o da concorrência e oferece equipamentos que os a dupla Up! e Mobi nem imagina, como central multimídia e airbags laterais. Pena o cinto central do banco de trás não ser de três pontas. O principal defeito do Kwid é o barulho e a vibração do motor três cilindros. O pequenino Renault tem potencial para figurar “nas cabeças”, em breve. Aguardemos.

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