Lançamento: Volkswagen Virtus de um extremo ao outro

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no whatsapp

Sabe aquele cara que depois de um tempão comprometido volta com tudo para a vida de solteiro? Entra no Tinder, não perde ninguém no seu radar e vai até em batizado para azarar? Pois bem, com o Virtus a Volkswagen volta com tudo ao segmento de sedãs depois de assistir por anos os amigos de outras marcas se darem bem no mercado.

Chega até afoito demais. O Virtus começa em R$ 59.990 na versão de entrada MSI e chega a estratosféricos R$ 79.990 na topo de linha Highline TSI. Isso sem os opcionais mais bacanas. Avaliamos justamente esses extremos na apresentação do carro, em São Paulo.

Começamos com a mais barata, a MSI, a que deve despertar a atenção de taxistas órfãos do Santana e de motoristas de aplicativos. A primeira impressão é a que fica e o Virtus agrada por fora, com desenho interessante. Não chega a ser um galã, mas é capaz de arrancar suspiros.

O design da frente é basicamente o do Polo, mas o modelo ganha identidade própria na terceira coluna, com caimento do teto que empresta certo arrojo. Na traseira, a tampa arrebitada e as lanternas horizontais demonstram até uma vontade mais ousada da Volkswagen. De qualquer forma, se a marca insiste em chamar o Polo de mini Golf, podemos rotular o Virtus de mini Jetta.

Mas as referências ao sedã médio ficam do lado de fora. A beleza interior do Virtus é um balde de água fria em qualquer pretendente. Muito plástico no painel, e de material que aparenta qualidade ruim e simplicidade extrema. O tom cinza claro só evidencia isso.

Pequenos pecados

Outros vacilos dizem respeito a equipamentos. Ao mesmo tempo em que toda a linha já sai com quatro airbags, controle de tração, Isofix e cinco estrelas nos testes de segurança do Latin NCAP, a versão MSI não tem sequer ajuste de altura do volante e usa calotas. E trate de se esticar para mexer no espelho, pois a regulagem dos retrovisores é pelo tradicional pitoco – comandos elétricos só para os quatro vidros e das travas.

A direção elétrica parece mais leve que no Polo e as manobras são fáceis. De cara, no habitual trânsito pesado da capital paulista, o 1.6 16V de 117 cv desenvolve bem. Principalmente com o sempre preciso câmbio manual de cinco marchas. Os engates justos e as primeiras relações curtas deixam o Virtus ágil no tráfego.

Mas não há milagres. Na primeira subida pela frente, o motor pede reduções de marcha e só trabalha bem acima das 3.000 rpm. O 1.6 pode ser bem bacana no Fox e dar conta do recado no Polo, contudo, os 1.134 kg do Virtus exigem mais torque em baixa – algo que só encontraremos na versão TSI.

Na estrada e com paciência o Virtus desenvolve bem. A plataforma MQB deixa claro suas virtudes no comportamento dinâmico. A estabilidade impressiona é só mesmo dos 110 km/h até os 120 km/h permitidos na Rodovia dos Bandeirantes é que a direção pede discretas correções.

Em velocidades altas, o isolamento acústico também é destaque. A 110 km/h o conta giros marca mais de 3.000 rpm e o barulho do eficiente ar-condicionado se faz mais presente que o do motor. Aqui, o que faz falta é uma sexta marcha como no Fox, que serviria como um belo overdrive.

Olha que o consumo é outro destaque. Se tomamos um susto no congestionamento na cidade com o computador de bordo marcando 6,0 km/l, ao fim do percurso chegamos na cidade paulista de Americana com 13,6 km/l. Pelo Inmetro, o Virtus 1.6 anotou médias combinadas de 12,7 km/l com gasolina e de 8,7 km/l, com álcool.

Olha o turbo!

O retorno do interior foi a bordo da Highline com o cultuado motor 1.0 TSI. Aí é aquela historia: motor de 128 cv e 20,4 kgfm cheio já a partir de 2.000 giros e basta pisar para o turbo entrar em ação e o Virtus responder prontamente em qualquer situação.

O silêncio a bordo é tão bom quanto no MSI. E a caixa automática de seis marchas até pode demonstrar uma pequena imprecisão entre a terceira e a quarta, mas a eficiência e agilidade do TSI se sobrepõem.

No caso desta topo de linha, o que a mais vem em forma de equipamentos. A Highline tem mais que as demais configurações chave presencial, aletas atrás no volante para mudanças sequenciais, controle de cruzeiro, ar automático, porta-luvas refrigerado, luzes diurnas, rodas com aro de 16” e grade na cor preta brilhante.

O modelo que andamos usava toda a sorte de opcionais. Com o pacote Tech High, com o bacana quadro de instrumentos configurável Active Info Display, GPS, monitoramento dos pneus, câmera traseira, sensores de luminosidade, de chuva e de obstáculos dianteiros, adicione R$ 3.300.

As rodas aro 17” , o rebatimento do banco dianteiro e o couro no revestimento interno somam outros R$ 2.300. Ou seja, o Virtus Highline pode chegar a espantosos R$ 85.590 com todos os equipamentos possíveis.

Abaixo da Highline existe a Comfortline, também com motor TSI, controles de estabilidade e de subidas, bloqueio eletrônico do diferencial, volante multifuncional, sensor de ré, retrovisores elétricos, saída de ar para o banco traseiro, ajustes de altura e profundidade da direção, rodas de liga leve aro 15”, grade cromada e repetidores de setas nos retrovisores. Custa R$ 73.490.

O conforto em termos de vida a bordo é inerente à toda a gama. O porta-malas com 521 litros acomoda três malas generosas, mas o pescoço de ganso pode amassar bagagens – por mais que a VW diga que as alças ficam sobre a caixa de roda. Já o espaço na frente deixa motorista com folgas para joelhos e ombros. No banco de trás, dois adultos e uma criança vão na boa.

Isso graças a – entre outros aspectos da arquitetura do sedã – ao entre-eixos de 2,65 m, 8 cm a mais que no Polo. Mesmo com o banco da frente todo recuado, um sujeito com 1,80 m de altura não esbarra os joelhos.

Nao foi possivel conferir se esse entre eixos cobra a conta na estabilidade em curvas, já que o trajeto foi basicamente em retas. Em compensação, o acerto das suspensões dianteira e traseira (McPherson e eixo de torção) se revelou exemplar, principalmente na absorção dos impactos dos buracos da Marginal Tietê.

Opcionais a perder de vista

No caso da MSI, é possível tascar vários opcionais também. Com o Safety Pack (controle de estabilidade e tração, assistente de subidas e bloqueio do diferencial), a versão mais básica salta para R$ 61.040.

Tem ainda o Connect Pack, com espelhamento de smartphone, volante multifuncional e rodas de liga leve aro 15” e sensor de ré, como no carro avaliado, que custará na loja R$ 63.990. Até reduz o distanciamento de preço para a intermediária Comfortline. Mas esse hiato também será preenchido com uma configuração 1.6 com câmbio automático de seis marchas que deve ser lançada esse ano.

O legal é que o Virtus quer chegar na night, ou melhor, no mercado, para uma relação duradoura. Os planos de pós-venda da Volks para o sedã deixam claro que o modelo não está para amores passageiros.

A versão MSI cobrará R$ 3.017 nas seis revisões programadas até os 60.000 km. A TSI não vai muito além: R$ 3.037. A agressividade na estratégia da marca alemã não para por aí, já que os compradores dos modelos turbinados ganharão 10% de desconto nas três primeiras revisões, e os da versão aspirada, 14%. Para completar, quem coçar o bolso para levar a Highline não terá que abrir a carteira nas três primeiras visitas à concessionária.

E sabe aquela coisa de pegar o número de telefone da gata ou do gato na noite? Bem, o Virtus vem com o chamado Manual do Proprietário Cognitivo. Trata-se de um aplicativo para celular que traz todo o conteúdo do livrinho que fica esquecido no porta-luvas e soluciona questões sobre o sedã. Basta perguntar que o sistema desenvolvido pela IBM responde. Só não dá para chamar para sair. Ainda.

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no whatsapp

Comentários