Avaliação – Hyundai Creta Sport é o pacato (e eficiente) cidadão. Mas esportividade fica só no nome

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A moda (que não passa) dos SUVs cobra seu preço. E cobra bem. Tem muita versão topo de linha de jipinho urbano que tem preço próximo dos utilitários médios. Com o Creta Sport, que avaliamos por uma semana, a Hyundai tenta dar uma aliviada e, de quebra, diferenciar o Creta em meio à avalanche de SUVs no mercado.

Antes de mais nada, o alívio não significa que o Creta Sport é barato: parte de salgados R$ 96.350. De toda forma, não ultrapassa a barreira dos R$ 100 mil e se posiciona como opção em conta, herdando o posto da extinta versão Pulse 2.0 – a topo de linha Prestige tem preço de R$ 102.580.

Bom frisar que a denominação Sport também não implica em acertos diferenciados na mecânica. A boa notícia é que temos o competente motor de 166/156 cv, que rende bem na cidade e até vai bem na estrada, apesar do câmbio confuso.

O Creta 2.0 pega embalo rápido e trabalha bem em altas rotações. Mas só em altas rotações. A caixa automática de seis marchas estica muito as mudanças, principalmente a quarta marcha, porém, faz as trocas ágeis e suaves. Nas retomadas, pode pisar que a transmissão encaixa logo a marcha necessária – se estiver na estrada, certamente será a quarta.

Acontece que as quinta e sexta marchas são longas e próximas entre si. Então, a transmissão escala a quarta para vencer uma ladeira ou dar continuidade a uma ultrapassagem. É a forma mais rápida – e ruidosa – de encontrar a força plena do 2.0, que só começa a aparecer após as 4.000 rpm.

O rodar suave agrada em velocidades de cruzeiro e o Creta é aquele SUV bom para viagens de maior distância. Isso porque a posição de dirigir é um dos destaques, com boa visibilidade frontal e os principais comandos de fácil acesso. Os extensos ajustes de profundidade e altura do volante ajudam.

 

 

A arquitetura também garante a viagem. O Creta usa a base do sedã médio Elantra e a rigidez da carroceria resulta em um veículo bem estável em altas velocidades. O acerto “meio termo” da suspensão (McPherson na frente e por eixo de torção atrás) colaboram para um dirigir sem sustos. É macia nos buracos e firme nas curvas – só não espere pela pegada esportiva que o nome da versão sugere.

A calibragem da assistência elétrica da direção é que merecia uma atenção maior. É bem leve na hora de estacionar e tem bom ângulo de manobra. Mas em velocidades acima dos 100 km/h permitidos nas rodovias, enrijece demais a ponto de parecer extremamente artificial.

O Creta cobra caro na loja, contudo, tem menos sede no posto de combustivel. Também ajudado pelo sistema start/stop, bem suave por sinal no liga e desliga do trânsito – Fiat e Volkswagen podiam pegar a receita com a Hyundai, que tal?

Na estrada, com gasolina, a média de consumo é de 11,4 km/l. Na cidade, o carro ficou em 10,0 km/l, segundo o Inmetro, que conferiu nota A para o modelo na categoria e C, na avaliação geral. No pós-venda, nada de sustos também: são R$ 2.430 nas seis revisões com preço fixo até os 60.000 km.

Nesta nova versão, o que conta são os detalhes. A Sport tenta dar um ar mais bandido ao nada empolgante desenho do Creta. Funciona bem. Grade e moldura do para-choque dianteiros são pintados de preto, assim como as barras longitudinais do teto. Bem melhor que aquela overdose de cromados da Prestige.

As vistosas rodas de liga leve aro 17” são exclusivas da versão, assim como o dispensável e esquisito spoiler traseiro, que mais parece saído de um capacete de algum combatente intergalático de Guerra nas Estrelas.

A cabine também passa impressão de mais sofisticação. Graças à tonalidade mais escura dos revestimentos dos bancos, volante e teto. Só não espere por mudanças no painel ou no quadro de instrumentos em relação às demais versões.

Também é preciso atenção aos equipamentos, que é onde o Creta – e muitos rivais do segmento – pecam. A versão Sport tem recheio próximo ao da topo de linha Prestige. Estão lá os controles eletrônicos de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, faróis laterais para curvas, ar-condicionado automático e digital com saídas para o banco traseiro, Isofix, alarme, sensor de luminosidade, controle de cruzeiro, entre outros.

A central blueMidia, com tela de 7”, tem câmera de ré e espelha smartphones com Android Auto e Apple Car Play. Mas o Creta Sport deve itens como airbags adicionais além dos frontais obrigatórios e chave presencial para partida e abertura de portas, só disponíveis na Prestige. Tem também os freios traseiros a tambor, mas esse vacilo é de toda a linha.

Ausências que são lamentadas ao se ver o preço do modelo da Hyundai. Ainda mais quando se depara com o ix35 com o mesmo motor 2.0, maior e mais equipado, por R$ 99.990. Se bem que, nem por isso, deixa de vender. Em 2017, o Creta foi o segundo SUV compacto mais comercializado do país, com mais de 42 mil unidades entregues, atrás apenas do Honda HR-V.

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