Autopeças vão na contramão da indústria e comemoram vendas em alta mesmo na pandemia

Empresas investem em peças e estrutura e se destacam em cenário adverso
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Viemar produz mais de 1.500 componentes no Rio Grande do Sul

De acordo com o IBGE, em junho de 2020, quando a primeira onda da pandemia afetava de forma mais profunda o Brasil, mais de 700 mil empresas fecharam as postas no país. Destas, mais de 50 mil são da indústria, e muitas, fornecedoras de autopeças.

Na ocasião, o IBGE perguntou às empresas que seguiram funcionando se a pandemia trouxe um impacto positivo ou negativo para os negócios. Menos de 10% da indústria afirmou que o efeito foi positivo, enquanto 72,9% disseram que o impacto foi negativo.

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O Sindipeças, entidade que agrupa fabricantes de autopeças de todo o país, estima que, com a pandemia, mais de 20 mil pessoas tenham perdido seus empregos no setor. Já a expectativa sobre o faturamento total das empresas é de queda de 17,5% em 2020.

Esses dados parecem óbvios, e só reforçam que são raras as empresas que conseguiram prosperar, mesmo em um cenário tão adverso como o da pandemia do coronavírus, que ainda parece longe de acabar.

Contramão da indústria

Fabricante de palhetas AutoImpact cresceu 32% durante a pandemia

Porém, duas delas, voltadas para o mercado de reposição, têm motivos para sorrir com os resultados comerciais de 2020.

A primeira é a fabricante catarinense de palhetas automotivas AutoImpact, que fornece componentes para 850 modelos, desde modelos populares, até veículos pesados, e viu as vendas crescerem 32% em 2020.

De acordo com a empresa, a cada mês, são vendidas 200 mil palhetas atualmente. Leonardo Proença Salomé, cofundador da Autoimpact, explica que a empresa tomou a decisão de investir para reforçar o estoque ainda no início da pandemia. “Foi uma decisão dividida, mas decidimos continuar investindo. Em alguns meses, chegamos a ter um quarto do faturamento normal”, explica.

Os produtos, vindo da China, acabaram indo para o estoque, que chegou a ser suficiente para até 6 meses de venda.

Assim, quando o setor começou a enfrentar uma outra crise, desta vez pela falta de peças, a AutoImpact conseguiu atender aos pedidos e aumentar o faturamento.

“A maioria dos concorrentes não estava entregando produto. Nós, por mantermos estoques elevados, estamos conseguindo entregar mais de 98% das encomendas”, disse Salomé.

O faturamento da empresa não foi divulgado. Porém, o cofundador da AutoImpact espera novo crescimento para 2021. Mesmo durante a pandemia, um novo funcionário foi contratado.

Atualmente, além dos 4 sócios, que, de acordo com Salomé, participam ativamente do trabalho na empresa, há outros 6 funcionários responsáveis pela produção e distribuição das palhetas.

Viemar contratou 100 funcionários em 2020

A gaúcha Viemar, que produz mais de 1.500 diferentes tipos de produtos, entre eles pinças de freio, caixas de direção e braços de suspensão e direção, registrou crescimento semelhante nas vendas em 2020, de 27%.

Além disso, a empresa de autopeças também foi na contramão da indústria na pandemia ao aumentar sua força de
trabalho em 20% ao longo do ano passado, contratando 100 novos funcionários.

A colheita de bons frutos foi resultado de uma nova postura da empresa, que reduziu o preço dos produtos em abril do ano passado.

“Não temos uma matriz em outros lugares para pedir socorro. Decidimos fazer algo diferente. Implantamos um novo posicionamento de preços, mais baixos”, disse José Salis, Diretor comercial, de marketing e engenharia.

Planos para 2021

Para 2021, mesmo com a pandemia longe de acabar, a empresa de autopeças espera continuar crescendo “na casa de dois dígitos”. Para isso, está investindo no crescimento do processo de forjaria, dobrando a capacidade produtiva.

Ao contrário da AutoImpact, que importa os produtos já prontos, a Viemar atua em todas as etapas do processo produtivo. “Recebemos o aço em barra e entregamos o produto pronto na caixa”, completa Salis.

Porém, as duas empresas têm em comum o desejo de seguirem apenas no segmento de peças de reposição, sem intenção, ao menos em um futuro próximo, de se tornarem fornecedoras de fabricantes de veículos.

“Temos a convicção de que o aftermarket nos propicia a melhoria continua. Temos liberdade para inovar, então buscamos fazer um produto melhor do que o original”, diz o sócio da Viemar.

A empresa gaúcha inclusive usa as pistas de corrida, que exigem mais das peças do que carros de rua, como laboratório para o desenvolvimento de seus produtos.

Os componentes da Viemar estão nos carros de categorias como Mercedes-Benz Challenge e Endurance Brasil.

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