Avaliação: Fiat Grand Siena é mais eficiente com GNV, mas passa longe de ser moderno

Sedã é o único modelo que pode receber a preparação para o gás natural de fábrica
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O gás natural veicular, também conhecido como GNV, ou mesmo “kit gás”, para os mais íntimos, anda meio esquecido desde o fim da greve dos caminhoneiros, em 2019. Hoje, só a Fiat, com o veterano Grand Siena, oferece uma opção de preparação de fábrica para o combustível.

Porém, o GNV ainda é procurado por quem roda muito, principalmente taxistas.

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Atualmente, não estão previstas novas greves de caminhoneiros, mas outro fator tem colocado o GNV em questão novamente: os sucessivos aumentos nos preços da gasolina e do etanol.

Assim, nós resolvemos colocar à prova o Fiat Grand Siena GNV. Enchemos os cilindros do sedã e rodamos até o gás acabar. Depois, comparamos com os preços da gasolina.

Quanto custa?

Fiat Grand Siena GNV
Visual do Grand Siena é praticamente o mesmo desde 2012

O Grand Siena é o sedã mais barato do Brasil. Na versão 1.0, ele parte de R$ 57.190 (R$ 59.489, em São Paulo). Só que a preparação para receber o “kit gás” só está disponível na motorização 1.4, que custa R$ 61.190 (R$ 63.642, em SP).

Eu mencionei preparação, porque é exatamente isso que a Fiat faz, por R$ 750 (R$ 775, em SP). O valor não inclui os cilindros, que devem ser comprados e instalados em uma oficina especializada. Esse serviço custa, em média, outros R$ 5.000.

O que a Fiat faz é uma modificação nas válvulas e na admissão, preparando os componentes para queimar o gás, e, assim, evitar dores de cabeça com um serviço duvidoso anos depois.

Dessa forma, o Grand Siena já pronto para ser abastecido com GNV acaba custando perto de R$ 68.000. Ainda assim, é mais em conta, por exemplo, do que um Volkswagen Voyage 1.0.

Como anda?

Os cilindros do Grand Siena que a Fiat nos emprestou têm capacidade para até 15 m³ de GNV. Não há medições oficiais de consumo do Inmetro para o modelo, mas a fabricante diz que, com eles cheios, é possível rodar até 180 km.

Assim que retiramos o veículo, abastecemos os cilindros até o limite. Na ocasião, o metro cúbico do combustível saiu por R$ 2,99, e o abastecimento total custou R$ 44. Curiosamente, o preço que pagamos foi exatamente o divulgado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) como a média para São Paulo no período do empréstimo, no final de março.

Fiat Grand Siena GNV
Abastecimento é feito por válvula no compartimento do motor

Fazendo as contas, o custo por km para rodar com o GNV na cidade é de R$ 0,24. Comparando com a gasolina,

Enquanto isso, considerando o valor médio da gasolina na ocasião, de R$ 5,20, o valor por km rodado ficou em R$ 0,41, quase o dobro do GNV.

Com essa diferença de R$ 0,17 por km rodado, são necessários 33.500 km para compensar o investimento inicial para instalar o kit gás no Grand Siena.

Considerando que um brasileiro roda, em média, de 10 a 15 mil km por ano, são necessários mais de dois anos para que o GNV valha a pena.

Cilindros acomodam 15m³ de GNV

O que não é tão legal

O Grand Siena de 2021 é praticamente o mesmo carro desde que foi lançado, em 2012. Do ponto de vista do visual, isso não é um problema, já que as linhas seguem elegantes.

Só não dá pra esperar a modernidade de um projeto recente. O interior traz mostradores típicos de carros com quase 10 anos de mercado. O mesmo vale para o volante, substituído por outro, mais moderno, há tempos em outros modelos da marca.

Fiat Grand Siena GNV
Interior do Fiat Grand Siena não é moderno

Em termos de equipamentos, apesar de o Grand Siena ter ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos e volante com comandos de som, faltam itens contemporâneos, como central multimídia e direção elétrica em vez do rádio simples e da direção com assistência hidráulica.

O motor também não é referência em tecnologia, mas sim em durabilidade. O 1.4 Fire de 4 cilindros é sinônimo de robustez e manutenção barata. Até por isso, foi o escolhido para receber o GNV no Grand Siena.

Rodando com etanol, ele entrega 88 cv e 12,5 kgfm. A Fiat não informou os números com GNV.

Mas, durante os testes, percebemos que existe uma grande variação de desempenho quando o carro roda com gás. As oscilações aparecem sobretudo entre 2.000 e 3.000 rpm, e são bastante perceptíveis, até para quem não está dirigindo.

Seletor permite alternar entre os combustíveis no Grand Siena GNV

Porém, na maior parte das condições, o uso com o GNV é amigável. É preciso lembrar que, na partida, e até o motor aquecer, o combustível usado é sempre gasolina ou etanol. Apenas depois de quente que a troca para o gás é permitida pelo sistema.

Aliás, alternar os combustíveis é um processo bastante simples. Para isso, há um pequeno seletor, instalado na parte baixa do console central. Nele, há um botão, responsável pela mudança de combustível, uma luz laranja, que indica quando o carro está rodando com gasolina ou etanol e cinco luzes, que sinalizam o nível de gás nos cilindros.

Vale a pena?

Depende. Se você busca um carro espaçoso, robusto, quer muito economizar e não se importa muito com a modernidade do projeto, o Fiat Grand Siena GNV é uma boa opção.

Caso contrário, é possível encontrar sedãs com motores flex modernos que não são tão gastões. Mas aí o investimento inicial é consideravelmente mais alto.

Ficha técnica – Fiat Grand Siena Attractive GNV

Preço: R$ 61.190 sem a preparação para o GNV. Com a preparação + os cilindros, o valor aproximado é R$ 68.000 (abr/2021)

Motor: 1.4, 8V, 4 cilindros em linha, flex (etanol, gasolina ou GNV)

Potência: 88/85 cv a 5.750 rpm (etanol/gasolina)

Torque: 12,5/12,4 kgfm a 3.500 rpm (etanol/gasolina)

Câmbio: manual, 5 marchas

0 a 100 km/h: 13,1 segundos (etanol)

Velocidade máxima: 175 km/h (etanol)

Consumo (etanol/gasolina): 7,7/11,1 km/l (urb.) / 9,4/13,5 km/l (rod.)

Dimensões: 4,29 m (comprimento) / 1,51 m (altura) / 1,70 m (largura) / 2,51 m (distância entre eixos)

Porta-malas: 520 l / 390 l (com os cilindros)

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