Em condições normais, qualquer aumento de 10.000% na fabricação de algo deve ser mais do que celebrado. Porém, a alta de 10.236% na produção de veículos no Brasil em abril deve ser visto com cautela.
Isso porque em abril de 2020, praticamente todas as fábricas de veículos do Brasil haviam interrompido a produção por causa da pandemia do coronavírus. Assim, foram feitos apenas 1.800 unidades em todo o país. As informações foram divulgadas pela Anfavea, a associação das fabricantes, nesta sexta-feira (7).
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Um ano depois, mesmo em meio a uma segunda onda, com mais casos e mortes, a indústria funciona, com restrições, e atingiu as 190,1 mil unidades. Daí, a alta de mais de 10.000%.
Porém, na comparação com março, quando foram feitas 200,3 mil unidades, houve queda de 4,7% na produção de veículos no Brasil.
“Estamos em um patamar bom, dentro das possibilidades. Mas ainda abaixo de onde gostaríamos”, disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
No acumulado do ano, a produção de veículos no Brasil atingiu as 788,7 mil unidades, alta de 34,2% sobre os 587,7 mil exemplares montados entre janeiro e abril de 2020.
A variação no nível de emprego na indústria automotiva foi negativa. Foram fechadas 1.958 vagas em um ano, que representa queda de 1,8%. Já em relação a março, houve estabilidade, com 14 pessoas empregadas a menos.
O estoque de fábricas e concessionárias segue a estabilidade, com pouco mais de 100 mil unidades, suficientes para 17 dias, segundo a Anfavea. O índice é o mesmo de março. “O estoque é justo, mas adequado à situação”, comentou Moraes.
Venda acompanha produção
Normalmente, venda e produção de veículos apresentam índices semelhantes – ou pelo menos apontam na mesma direção.
Em abril, aconteceu isso: alta considerável em relação ao mesmo mês de 2020, mas ligeira queda sobre março.
Abril mostrou leve queda na venda de veículos novos no país na comparação com março. Foram 163.902 unidades emplacadas, contra 177.097 do mês anterior – redução de 7,5%.
Normalmente, a comparação mensal leva em consideração o mesmo período do ano anterior. Porém, abril de 2020 foi marcado pelas concessionárias fechadas. Assim, a alta de 219,2% não pode ser considerada tão expressiva.
De qualquer forma, o acumulado de 2021 é 13,3% superior ao de 2020, com 661.757 exemplares vendidos, contra 583.850 do ano anterior.