Avaliação: novo Hyundai Creta 1.0 turbo empolga no desempenho e polemiza no visual

SUV compacto deve dividir opiniões no estilo, mas motor 1.0 turbo e lista de equipamentos merecem elogios

Vitor Matsubara
06/09/2021
10:00

Se a primeira impressão é que fica, meu relacionamento com o novo Hyundai Creta não começou bem. Tive a oportunidade de vê-lo pessoalmente no Salão de Xangai, na China, e o design de linhas controversas não desceu. Talvez por isso é que não tinha uma expectativa tão alta com a chegada do SUV ao Brasil.

Felizmente eu estava errado. Os designers da Hyundai tomaram uma decisão acertada ao emular o visual do modelo russo em vez de repetir o estilo da versão asiática.

É claro que as linhas continuam do tipo “ame ou odeie”, mas o design do Creta ganhou personalidade em vez de ser apenas esquisito.

Estilo polêmico, mas com personalidade

Na frente, os faróis estão separados em quatro elementos, com as luzes diurnas na parte superior e o restante do conjunto óptico mais abaixo. A grade dianteira lembra bastante a do novo Tucson vendido em outros mercados – e que deve inspirar uma futura reestilização do Creta dentro de alguns anos.

Atrás, as lanternas (que também foram separadas em quatro seções) ganharam prolongamentos na tampa do porta-malas, cujo formato abaulado trouxe um bem-vindo aspecto de robustez.

Talvez você não goste do resultado final, mas saiba que o conjunto é bem melhor ao vivo do que nas imagens.

Novidades na lista de equipamentos

A cabine ainda peca pelo excesso de plástico duro, mas trouxe a sofisticação que faltava no modelo anterior. Repleto de linhas horizontais, o visual remete novamente ao Tucson e o console destaca a grande tela tátil de 10,25 polegadas da central multimídia – nas versões mais baratas a tela é de 8 polegadas.

Outro item presente a partir da versão Platinum é o painel digital com uma tela de 7 polegadas. O grafismo muda de cor de acordo com o modo de condução escolhido – outra novidade do modelo.

Há ainda sistema de câmera com visão em 360 graus (com uma curiosa função que projeta as imagens laterais na tela do painel digital), freio de estacionamento eletrônico, aletas para trocas de marcha atrás do volante (até então as trocas podiam ser feitas apenas por toques na alavanca de câmbio), faróis full LED com luzes de iluminação diurna e teto solar panorâmico (novidade da linha 2022 do SUV).

Em tempo: o generoso espaço interno, que já era uma das virtudes do modelo, foi preservado no novo SUV. O porta-malas tem capacidade de 422 litros, 9 litros a menos do que o antigo Creta.

Todas as versões saem de fábrica com 6 airbags, controles de estabilidade e de tração e assistente de partida em rampas. A configuração Ultimate inclui um pacote de assistências de condução bastante completo: piloto automático adaptativo, alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa e farol alto adaptativo.

Uma novidade (muito) bem-vinda está no sistema de freios, que ganhou discos ventilados na dianteira e discos sólidos no eixo traseiro. O modelo anterior utilizava tambor até nas versões mais caras.

Desempenho: novo Creta 1.0 turbo é destaque

*Motor 1.0 turbo do HB20 resolveu falta de fôlego do 1.6 16V*

O novo Creta traz como principal novidade a motorização 1.0 turbo de três cilindros em linha. Presente no HB20, ela entrega os mesmos 120 cv e 17,5 kgfm de torque máximo do hatch.

Segundo a fabricante, as médias de consumo são de 8,3 km/l na cidade e 8,7 km/l na estrada, com etanol. Caso o combustível seja gasolina, os números declarados sobem para 11,6 km/l e 12 km/l, respectivamente.

Bem escalonado, o câmbio automático de 6 marchas contribui para um desempenho competente nas acelerações e principalmente nas retomadas. De acordo com a Hyundai, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 11,5 segundos com etanol no tanque.

O novo Creta 1.0 turbo deixa para trás a letargia do motor 1.6 16V de 130 cv, que permanece em linha como única opção no Creta Action, que também conserva a carroceria antiga como configuração de entrada da gama de SUVs compactos da Hyundai.

Já o motor 2.0 16V equipa apenas a versão Ultimate. Ele ganhou algumas melhorias e agora entrega 167 cv e 20,6 kgfm a 4.700 rpm. Apesar do ínfimo incremento de 1 cv e 0,1 kgfm, a marca diz que o conjunto ficou 8% mais eficiente.

As médias declaradas são de 7,7 km/l no ciclo urbano e 8,7 km/l no rodoviário movido a etanol. Com gasolina, o Creta 2.0 faz 10,9 km/l e 12,4 km/l, respectivamente. A transmissão automática de 6 marchas continua a ser a única opção e o tempo de aceleração de 0 a 100 km/h é de 9,3 s.

Vale a pena?

Sim. O novo Creta deve dividir opiniões pelo design, mas é inegável que ele foge da mesmice em meio à multidão de SUVs nas ruas.

Fora isso, o carro agrada pela generosa lista de equipamentos (mesmo nas versões de entrada) e o amplo espaço interno. E o novo Creta 1.0 turbo resolve um dos maiores problemas do modelo: a falta de agilidade em algumas situações.