Modelo sai de linha depois de 31 anos e 500 mil unidades vendidas. Apelido é por causa da cabine semi-avançada.
No mundo dos caminhões, é normal modelos mais conhecidos ganhem apelidos. Fênemê, cara chata, jacaré, muriçoca são alguns deles.
Recentemente, um desses apelidos voltou a ser lembrado por uma razão bastante especial. É o Mercedes-Benz Atron, carinhosamente apelidado de bicudo.
O bicudo voltou para a boca dos caminhoneiros porque acaba de se aposentar. A Mercedes encerrou a produção do lendário Atron depois de 31 anos e mais de 500 mil unidades.
As últimas 12, porém, receberam um toque especial da Mercedes. Elas fazem parte de uma série especial que o Primeira Marcha conheceu na sede da empresa, em São Bernardo do Campo (SP) em dezembro.
Cada uma delas foi vendida por R$ 340 mil. Em relação aos demais Atron, elas receberam rodas de alumínio, adesivo com a inscrição “O caminhão que fez história”, sistema de climatização, rádio com entrada USB e geladeira portátil.
Debaixo do grande capô, o Atron 1635, último remanescente da família, traz motor OM 457 de 6 cilindros e 12 litros, que entrega 345 cv e 147,9 kgfm e câmbio manual da ZF com 16 marchas.
Por que Bicudo?
O Mercedes-Benz Atron ganhou o apelido de “bicudo” por conta da cabine semi-avançada, que se estende após o eixo dianteiro.
Assim, o acesso ao motor é facilitado, não exigindo que a cabine seja tombada, como nos caminhões de cabine avançada, também conhecidos como “cara chata”.
Esse tipo de construção foi muito popular até os anos 1980 pela facilidade de acesso ao motor. Porém, com o avanço dos cara chata, esse tipo de caminhão começou a cair em desuso.
Outro fator que joga contra o bicudo é a legislação. No Brasil, a medição do comprimento de um caminhão vai do para-choque dianteiro do cavalo mecânico até o para-choque traseiro da carreta.
Com isso, as dianteiras mais compridas dos bicudos acabam roubando preciosos metros para o transporte de cargas.
30 anos de estrada
Quando foi lançado, o Atron sequer tinha esse nome. Ele chegou ao mercado em 1989 como LS-1935, e formou família, com derivações como LS-1941, LS-2635, L-1618, L-1620 e LS-1938.
Até que em 2012 aderiu ao novo padrão de nomenclaturas da Mercedes, passando a ser chamado de L-1635 Atron.
O Atron foi o último caminhão bicudo à venda no Brasil. No lugar dele, a Mercedes passa a oferecer o Axor, de cabine avançada, como opção.