Versão tem mudanças interessantes que poderiam estar em toda a linha
O nicho dos automóveis aventureiros deu certo no Brasil e tem representantes dos mais diversos segmentos. A Chevrolet, que nunca quis se envolver muito com isso, chutou o balde e lança no Brasil o Spin Activ, versão aventureira do monovolume que tem tudo que se espera de um carro aventureiro que quase nunca vai sair da cidade, até estepe pendurado na tampa da mala.
Não há precedentes de uma versão aventureira de algum Chevrolet, apenas Celta Off-Road e Meriva GEO – o primeiro um Celta 1.0 que era até pior ao encarar buracos e o segundo um pacote visual vendido em concessionária que virou lenda urbana. Mas sempre houve um desejo velado, que veio à tona em 2005 com uma Meriva Off-road conceitual que até estepe pendurado na mala tinha. Sobrou para sua substituta.
Transformar o Chevrolet Spin num aventureiro envolveu não apenas o básico, como para-choques mais bojudos com partes sem pintura, faróis escurecidos, capa dos retrovisores pretas, molduras nas caixas de roda, rack no teto e rodas diferenciadas aro 16” com pneus de uso misto. O Spin Activ brasileiro – ao contrário do tailandês, lançado há alguns meses – ainda tem o estepe pendurado na tampa do porta-malas, coisa que nenhum dos SUVs da Chevrolet – Trailblazer, Captiva e Tracker – têm. Nem mesmo Veraneio e Blazer tinham! Segundo Carlos Barba, diretor de design da General Motors do Brasil, a Spin ganhou sua “mochilinha” por exigência de mercado, talvez por concorrentes como Citroën Aircross, Fiat Idea Adventure e Volkswagen CrossFox terem o elemento. Nas clínicas, os tailandeses abriram mão do adereço fora do lugar enquanto os brasileiros fizeram questão. Tanto, que na concorrência o único sem estepe pendurado é o Nissan Livina X-Gear, o que não passa por mudanças há mais tempo e que já está em fim de carreira. Pior que o estepe faz diferença. A traseira da Spin “civil” é bastante reta e vazia – sempre me pego imaginando um outdoor ali -, e o estepe bem centralizado e juntinho da tampa, mesmo que pendurado em mecanismo ligado ao para-choque, preenche o local. O macete está no suporte bem escondido no para-choque traseiro e com apoio na tampa, que faz parecer que o estepe está preso na própria tampa.
Como nos concorrentes, o sistema não é prático. Antes de mais nada, destrava-se o estepe na chave ou em botão no painel, puxar-se o suporte do estepe até o fim e só a partir daí o sistema permite que você abra o porta-malas. Para fechar, o estepe pode ir para seu lugar com a tampa mal fechada ou mesmo aberta, mas ninguém inverteria a ordem sem querer.
Na prática, o mais legal do Chevrolet Spin Activ está no pacote de equipamentos baseado na versão LTZ, vendida sempre com com sete lugares. Carlos Barba justifica a escolha dos cinco lugares para a versão pois a versão está voltada para o público que busca fazer atividades de lazer com o carro, acompanhados da necessidade de transportar todas as bugigangas para os cinco. O lado bom é que, sem uma terceira fileira de bancos, o porta-malas do Spin fica com capacidade de 710L. O local no assoalho onde estava o estepe é ocupado por uma grade isopor com chave de roda, macaco, triângulo e um pequeno porta-objetos.
As alterações no interior deveriam estar em todas as versões. Nem tanto a combinação de preço e tons de cinza nos bancos, mais sim o painel de instrumentos e os painéis de portas na cor preta. A impressão de qualidade é melhor do que com os dois tons de cinza vistos nas outras versões. Nesta ainda há uma moldura prateada ao redor da tela de 7” do MyLink. Logo abaixo estão os botões de destravamento das portas e o do estepe.
E anda bem?
Anda como qualquer outra Spin, até mesmo porque o motor é o mesmo 1.8 Econo.Flex de de 108cv de potência a 5.400rpm e 17,1kgfm de torque a 3.200rpm quando com álcool. Há câmbio manual de cinco marchas, mas o diferente é o automático de seis, que pela primeira vez aparece no Spin em sua segunda geração. A diferença está na velocidade das trocas e das respostas, além de poder reduzir até três marchas no kick-down. Durante o test-drive, a redução ao pressionar forte o acelerador resultou em tranco incomum ao ter desistido de mudar duas marchas de última hora, reduzindo três.
É um motor que dá conta do carro, mas que se sai melhor com tocadas mais mansas. Como a curva de torque é bastante plana e com pico a 3.200rpm, a condução fica mais agradável quando não se estica tanto as marchas, até porque acima dos 3.500rpm o ruído do motor invade a cabine sem parcimônia. Sem contar que, como é de praxe, os pneus de uso misto resultam em barulho de rolagem mais alto.
Como a versão Activ é cerca de 110kg mais pesada que a LT e metade do peso extra está pendurado no ponto mais extremo da traseira, a Chevrolet reviu todo o acerto de suspensão para esta versão. Além de estar 8mm mais alta – muito em função das rodas aro 16” -, está mais firme, principalmente na traseira. O carro rola menos em curva, ainda que a posição muito alta de dirigir não inspire qualquer esportividade. A versão chega às concessionárias até o final deste mês custando R$ 62.060 na versão com câmbio manual de cinco marchas e R$ 65.860 com câmbio automático de seis.