Com câmbio manual e tração 4×4, versão tem o off-road como habitat
De fato, esta última geração de picapes médias perdeu muito de sua rusticidade ao se transformarem em símbolo de status e ficarem cada vez mais luxuosas, perdendo aquela imagem de veículo de carga. Tivemos a oportunidade de avaliar a Chevrolet S10 Cabine Dupla LT 4×4 que, com seu motor 2.8 Turbodiesel e câmbio manual de 6 marchas é capaz de unir o melhor de dois mundos.
Nesta versão não há auxílio do câmbio automático GR6, presente na TrailBlazer que avaliamos – e que encareceria a conta em R$ 4.100. Haja força nas pernas, pois a embreagem é pesada. O câmbio tem engates com curso longo e deve alguma precisão em reduções, mas o escalonamento das seis marchas é excelente e não deixa buraco entre as trocas. Bom é que ele é capaz de explorar muito bem o motor, um 2,8 litros Diesel sobrealimentado por turbocompressor que entrega 200cv @ 3.600RPM de potência, assim como o vigoroso torque de 440Nm (44,9 mkgf ) @ 2000rpm. Percebido facilmente é o lag da turbina até as 1.500RPM, que origina uma preguicinha nas arrancadas e retomadas. Entretanto, uma vez vencida essa barreira, toda a força era rapidamente despejada nas rodas traseiras (rodando no 4×2). Segundo a Chevrolet, 90% do valor máximo de torque está disponível a 1.700rpm.
Tanta força é mais que necessária. Estamos falando de uma picape que pesa 2.097 kg e ainda aguenta 1053 kg de carga (são 1.061 litros de capacidade na caçamba). Considerando isso, esta S10 anda muito bem e, de certa forma, é bastante suave para uma picape Diesel. O isolamento acústico é satisfatório, embora o assobio da turbina seja nítido em alguns momentos, podendo incomodar alguns ou estimular outros. Também não dá para deixar de notar a vibração da alavanca de câmbio, algo sempre presente, mas minimizados em alguns concorrentes. O consumo foi até bom, variando entre 8,6 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada, com 6° marcha engatada eventualmente. Com tanque de 76 litros, teoricamente tem autonomia pra mais de 900 km.
“Sou bruto, rústico e sistemático”, mas nem tanto
A música de João Carreiro e Capataz fala de um caipira que não lida muito bem com modernidades. Definiria muito bem a D20 e a antiga S10 em sua primeira fase, mas em muitos pontos a nova Chevrolet S10 está adequada a uma nova realidade. A suspensão, no entanto, ainda guarda características brutas, ideal para seu propósito.
O conjunto independente por braços articulados na dianteira tem acerto suave, mas o conjunto da traseira, com eixo rígido e feixes de molas, tem acerto adequado ao transporte de carga, e não ao conforto ou a estabilidade. Diante de abusos a carroceria inclina bastante, com tendência a sair de traseira. Bom é que o conjunto se mostra robusto para encarar trechos de off-road. O vão livre de 22,8 cm e os ângulos de ataque (30,7º) e saída (16,1º) garantem transposição de trechos difíceis sem complicação. Na pior das hipóteses, basta girar o seletor da tração para o modo 4×4. Se piorar, ainda resta a posição de 4×4 reduzida, que só entra em ação com o carro parado.
A direção conta com assistência hidráulica, que se mantém leve em altas velocidades exigindo eventual correção da trajetória. Ao menos permanece leve em manobras, revelando raio de giro conveniente para um carro com quase 3,10 m de entre eixos. Apesar de ser pesada e ter freios traseiros a tambor, o sistema funciona de forma satisfatória sem desvios de trajetória nas frenagens.
O lado “moderninho”
Você se senta ao volante, regula seu banco em todas as direções – por regulagens manuais, regula a altura do volante – não há regulagem em profundidade, regula a altura dos cintos, os espelhos e se vê em posição de dirigir elevada, como se espera de uma picape, mas diante de um painel de automóvel, com direito ao MyLink. O quadro de instrumentos teria leitura mais clara se o velocímetro estivesse na direita, mas o computador de bordo se mostrou bastante prático e eficiente. O volante tem pegada boa e botões apenas para o piloto automático, sem comandos para o MyLink.
Quem vai atrás pode não curtir o a posição do banco. Há espaço suficiente para as pernas, mas o encosto é muito vertical, ao mesmo tempo que o assento é baixo. Não precisa ser tão alto para ficar com os joelhos acima do assento, o que pode causar desconforto em longas viagens. Curioso é que, apesar de ter cinto de três pontos não tem encosto de cabeça – um em formato de vírgula não atrapalharia a visão do retrovisor interno. Bom é que há vários porta-objetos e copos, tanto na frente quanto atrás.
Na versão LT os bancos são forrados em tecido sintético, com toque agradável. Não há grande variação entre as versões no que diz respeito aos plásticos usado no painel e forros das portas, sempre rígidos e com diferentes texturas. Percebe-se algumas falhas nos arremates e rebarbas pontuais. É apenas razoável neste ponto.
Equipamentos
Como versão intermediária, a S10 LT não é basicona como a LS mas é privada de amenidades só encontradas na LTZ. Há o essencial para quem busca algum conforto: computador de bordo, alarme, vidros, travas e retrovisores elétricos, sensores de estacionamento traseiros, faróis de neblina, rodas de alumínio aro 16″, faróis de neblina, sistema MyLink e ar-condicionado com ajuste manual, além dos obrigatórios feio ABS e airbags dianteiros. Pelos R$ 116.790 pedidos, mais equipamentos não cairiam mal. Pode-se somar à conta o único opcional, a transmissão automática, por R$ 4.100.
Um sistema MyLink mais completo, airbags laterais, controles eletrônicos de tração e estabilidade e ar-condicionado digital são alguns dos equipamentos restritos a versão LTZ, que custa nada mais que R$ 125.990 na versão 4×2 e R$ 142.390 na 4×4.
Esta configuração, LT 4×4 com câmbio manual pode ser ideal para muitos fazendeiros ou pessoas exerce alguma atividade que necessite de um veículo que ofereça, boa capacidade de carga, espaço para cinco e disposição para o fora-de-estrada. Para o uso urbano uma LT 4×2 com câmbio automático (R$ 111.090) é uma opção menos inconveniente, caso não queira partir para uma versão com motor 2.4 Flex, oferecida apenas com câmbio manual de 5 velocidades. Ainda assim, fica o aviso: com 5,34 m de comprimento e 1,88 m de largura não será o veículo mais conveniente para ir ao shopping…
Galeria
Fotos | Fabio Perrotta (Portfolio), Henrique Rodriguez
Ficha Técnica
Transmissão: Câmbio manual de seis marchas à frente e uma atrás. Tração integral com seletor eletrônico rotativo Potência máxima: 200 cv a 3.600 rpm Aceleração 0-100 km/h: 11,4 segundos Velocidade máxima: 180 km/h limitada eletronicamente Torque máximo: 44,9 kgfm à 2 mil rpm Diâmetro e curso: 94,0 mm X 100,0 mm. Taxa de compressão: 16,5:1 Suspensão: Dianteira independente, com braços articulados, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e pressurizados e barra estabilizadora. Traseira com feixe de molas semielípticas de dois estágios e amortecedores hidráulicos e pressurizados Ângulo de ataque: 30,7º Ângulo de saída: 16,1º Pneus: 245/70 R16 Freios: Dianteiros por discos ventilados e traseiros a tambor. ABS com EBD de série Carroceria: Picape montada sobre longarinas com quatro portas e cinco lugares. Com 5,34 metros de comprimento, 1,88 m de largura, 1,82 m de altura e 3,09 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais de série Altura mínima do solo: 22 cm Peso: 2.097 kg Capacidade da caçamba: 1.061 litros Tanque de combustível: 76 litros