4º dia – segunda feira, 23 de dezembro de 2013
Entrando numa fria (como aprendiz de alpinista)
Primeira constatação naquele dia: o sol saiu, secando um pouco a lama que tomava conta da região. Em compensação: quando as ideias não necessariamente inteligentes e se concretizam, podemos entrar em apuros. E a Trailblazer sempre conosco. Antes de qualquer coisa, observe esta foto abaixo:
Do lado esquerdo da foto pode-se observar uma serra em primeiro plano, e uma pequena cadeia montanhosa ao fundo. No ponto de junção destas formações geológicas, há uma cachoeira. Ao seu lado existe uma estrada com pouco mais de 2,00 metros de largura, de calçamento irregular e extremamente íngreme. De um lado, barranco. Do outro, abismo. Acompanhado de um primo, com vasta experiência em trial e enduros sobre duas rodas, decidimos chegar até o fim da estrada para ver aonde chegaríamos e como seria o comportamento da Trailblazer em tal situação. Como esperávamos pouquíssimas complicações nessa parte da aventura, decidimos primeiramente brincar no que futuramente será um residencial, na encosta desta primeira serra que anteriormente foi destacada. Logo de cara, deixo minha única crítica ao carro, mas que não é justa de todo. Os pneus Bridgestone Dueler H/T logo ficam lisos, com os sulcos tomados de lama, prejudicando a tração. Mas, por não se tratar de um veículo para aventuras tão extremas no fora de estrada (ou ao menos não originalmente), não se pode punir a GM por tal inconveniente.
De volta ao lamaçal, 4×4 reduzida ligada (como fora explicado ontem) e iniciamos os desafios. Subidas íngremes com lama? Sem problemas: Chegávamos a engatar a quarta velocidade nos aclives. A relação reduzida lida bem com todo o gerenciamento eletrônico do câmbio e dos controles de tração, aproveitando ao máximo o pico de torque em baixas rotações nestas situações. Se não bastasse, o controle de auxílio em descida trabalha a contento, evitando que o carro ganhe velocidade nos declives acentuados e escorregadios. Seu acionamento ocorre pressionando um simples botão no console central. Faz-se ressaltar, também, que ao lado está o botão que nos permite desligar os controles de estabilidade e tração para uma condução diferenciada no off road, indicado apenas para motoristas mais experientes e treinados.
Estando devidamente paramentada de lama, seguimos para a estrada da cachoeira. Se a lama foi facilmente vencida, por que um rústico pé de moleque não seria transposto sem qualquer esforço homérico? A natureza guardaria suas surpresas. Iniciamos a subida sem necessidade de tração 4×4. Eventualmente era necessária uma interrupção no andamento, já que uma simples moto era impedimento para que prosseguíssemos. Nessas horas, o auxílio de partida em subida, que evita que o carro desça em marcha-a-ré ao tirar o pé do pedal de freio foi de suma importância dada a grande inclinação da via em que estávamos.
Não subimos muito mais antes de encontrarmos um deslizamento de terra que levou embora parte da via. Sem problemas, uma vez que o curso de suspensão foi suficiente para ignorá-lo como se fosse apenas um pequeno buraco. Ainda assim, outro deslizamento fechou a via mais à frente. Com ajuda externa, escalei o monte de terra e galhos com apenas um lado do carro, deixando uma roda suspensa e testando a rigidez do sistema “body-on-frame” que tanto tira agilidade da Trailblazer no em trechos velozes no asfalto. Novamente, obstáculo vencido, embora um bloqueio de diferencial imprimisse ainda mais facilidade para que passássemos por este obstáculo. E assim seguimos nossa subida. Depois de uma série de obstáculos como este, avistamos o ponto mais alto da estrada. Ao chegarmos a menos de 50 metros, surpresa: uma barreira de lama, árvores inteiras e pedras interditava a estrada. Passar por cima? Só com algo muito bem equipado para tal. Voltar de ré? Impossível. Já foi difícil vindo de frente, imagine em sentido contrário. Virar a Trailblazer? Foi o que nos restou.
Anote aí a receita para teste cardíaco: uma via inclinada, um abismo de um lado, um barranco com raros recuos na rocha do outro. Fora da via principal, o terreno era completamente instável. Por sorte, avistamos uma fenda no paredão lateral, no qual entramos com a Trailblazer. Foram necessários aproximadamente 15 minutos para coloca-la em condições de descida. Com carro extremamente inclinado, suspensão com curso ao extremo, instabilidade do terreno e com margens milimétricas de manobra. Se não fossem por pequenos macetes aprendidos no fora de estrada, estaria por lá até hoje. De volta à civilização, era hora de dar um banho na Trailblazer para receber Papai Noel e sua comitiva. Por isso, ela descansou merecidamente no dia 24, saindo apenas para um excelente serviço de lavagem. E dia 25 estaria de volta à vida de viajante. Quer saber como foi a viagem de volta? Amanhã, no Novidades Automotivas!