Por Fernando Calmon
Em meio a tanta turbulência nas economias desenvolvidas, chega a surpreender a recuperação firme do mercado americano. Tomando 2010 como referência, as vendas de automóveis e comerciais leves devem crescer 11%. Na União Europeia não haverá crescimento. No Brasil as vendas subirão em torno de 5%. O ritmo de expansão do mercado chinês – o maior do mundo – sofre um tranco, mas ainda é o mais dinâmico. A interdependência entre os países interessa pelos reflexos que podem ocorrer nas subsidiárias brasileiras. Fiat depende, hoje, em grande parte dos resultados no Brasil e das marcas da Chrysler nos EUA (em especial da Jeep), pois o modelo 500 enfrenta vendas modestas, depois do investimento pesadíssimo para retorno ao mercado americano. A Volkswagen construiu uma fábrica nova no Tennessee e pode oferecer modelos menos caros, como o Passat específico para os EUA, que acaba de ganhar o título de Carro do Ano, da revista Motor Trend. Ford e GM confiam nas fábricas do México para complementar sua oferta por aqui. Nesse cenário, o Salão do Automóvel de Los Angeles (18 a 27 de novembro) exerce um papel peculiar, numa cidade que tem a maior densidade de veículos por habitante no mundo. Tradicionalmente é considerado um salão-butique (relativamente poucas marcas em exibição) e da vanguarda do pensamento californiano em favor de carros menos gastadores. Este ano, no entanto, os carros potentes fizeram a festa: do Porsche Panamera GTS (430 cv) ao Ford Mustang GT500 (660 cv), passando pelo Chevrolet Camaro ZL1 conversível (580 cv) e até o SUV Mercedes ML63 AMG (555 cv). Apesar disso houve alguns lançamentos mundiais, prontos para o Brasil em 2012. Honda CR-V, inteiramente novo, agradou por suas linhas harmoniosas (versão apenas de cinco lugares) e um sistema de tração 4×4 melhorado. Hyundai Azera, igualmente todo novo, segue o estilo arrojado dos sedãs da marca – gama de seis modelos, todos brancos, no estande da marca sul-coreana chegavam a confundir pela semelhança.
A Volkswagen guardou para este salão o CC (cupê conforto), levemente retocado, agora sem o nome Passat, para não confundir clientes do sedã-cupê. Fabricado na Alemanha, também chegará ao Brasil no próximo ano. Desfeitos os laços com a Mazda, a Ford apresentou o SUV compacto (para eles) Escape, praticamente o europeu Kuga, baseado no Focus, porém com acabamento refinado. O novo EcoSport terá inspiração nas suas linhas. A Chevrolet elegeu este salão para o lançamento mundial do subcompacto Spark, de origem sul-coreana, e por uma razão simples. Os carros pequenos nos EUA conquistarão, em 2011, surpreendentes 18% entre os veículos leves, se bem que enquadram Civic e Corolla, por exemplo, nesse segmento. Por fim, apesar de 15 novas opções de modelos híbridos e elétricos disponíveis este ano, os compradores esfriaram o ânimo. Só se a gasolina subir de preço, a procura aumenta. A apatia pelos híbridos ocorre pelo maior preço (25% mais) e porque novos motores quase empatam em consumo de combustível na estrada. Os alternativos são muito melhores em uso urbano, mas as distâncias percorridas menores atrapalham o retorno financeiro. Poucos sustentam essa carga extra. RODA VIVA SEGUNDO a J.D. Powers, serão vendidos 815.000 veículos híbridos e elétricos este ano no mundo, 6% menos do que em 2010. Representam 1,1% do total mundial de 75 milhões de unidades (sem contar os pesados). Em 2012, os elétricos a bateria terão oferta bem maior. Previsão de 27.000 unidades comercializadas em 2012 nos EUA, 0,2% do mercado americano. VIDA difícil também para híbridos no Brasil, apesar da Toyota anunciar que importará o Prius no próximo ano. A Porsche enviou uma unidade do Cayenne híbrido em 2010. Cerca de 20 jornalistas fizeram aqui rápidas avaliações do modelo, nos últimos 12 meses. Apesar dos elogios, o importador Stuttgart não conseguiu sequer um único interessado por essa opção. MINI Cooper Countryman (R$ 99.950) se afasta do Mini duas-portas de chassi alongado, fabricado de 1961 a 1969. Não é feito na Inglaterra e sim na Áustria. Transformou-se em crossover, de quatro portas, com espaço interno razoável e mantendo painel, instrumentos e comandos lembrando o original. Motor 1,6 l da versão de entrada (120 cv) não faz jus à grife Cooper. CONFIRMADA, semana passada, construção da fábrica da JAC, em Camaçari (BA). Dos R$ 900 milhões de investimento, 80% virão de fonte nacional, do empresário e importador da marca chinesa, Sérgio Habib, com capital próprio e empréstimos. Capacidade: 100 mil unidades/ano. De lá sairá, no início de 2014, segunda geração do J3 (hatch e sedã), abaixo de R$ 40 mil. ALEMANHA segue a Suíça e exige que, três meses após obter a carteira de habilitação definitiva, os jovens voltem a ter aulas práticas com ênfase em direção defensiva. Essa providência diminuiu em 30% os acidentes de trânsito envolvendo os motoristas de primeira viagem, naturalmente com experiência menor ao volante.
Coluna Alta Roda – Carga pesada
- Henrique Rodriguez
- 24/11/2011
- 20:12
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