Sedã ganha controles de estabilidade e tração, e versão sofisticada
“X” já passou dos 30 anos e leva uma vida normal. Ele é bem sucedido, ocupa um cargo importante em sua empresa e é respeitado pelos colegas. Existem uns dois ou três que conseguem resultados melhores que ele. Mas “X” segue honestamente e, a cada dia, conquista mais respeito. Como qualquer um com sua idade, sabe que é importante manter-se bonito, então, volta e meia toma alguns cuidados estéticos. Frequenta academia para ter sempre bom desempenho, mas nunca perde a essência de um cara familiar. Costuma cumprir aquilo que promete e vez ou outra surpreende positivamente. “X” é uma pessoa, mas, se fosse um carro, poderia ser o Nissan Sentra.
O sedã, criado no início da década de 1980 – chegou ao Brasil somente em 2004 – passou por muitas transformações até chegar na atual sétima geração (a terceira em terras tupiniquins). Mas sempre teve suas principais características preservadas. Segue as premissas básicas de um sedã médio, que mistura boa dirigibilidade, conforto e espaço justo. De família japonesa, se inspira bastante nos padrões norte-americanos. Isso se reflete, inclusive, no visual da atual geração. Embora preserve um estilo mais arredondada, a linha de cintura mais alta e as linhas esculpidas com bastante fluidez deixam o médio da Nissan com um visual robusto.
A versão Unique, criada para povoar a região mais alta da gama do Sentra, dá um aspecto mais sofisticado ao Sentra. Baseada na 2.0 SL, o acabamento interno em tons mais claros e os apliques em plástico – que simulam fibra de carbono – são os principais destaques. O teto solar e as inscrições distintivas da série completam o refinamento do carro. O painel, bastante clean, facilita a leitura. Mas poderia ser menos conservador num carro que custa R$ 87.490.
Ao entrar no Sentra, o conforto chama a atenção. Um padrão, felizmente, mantido – e até aprimorado – da geração anterior para a atual. Além de confortáveis, os assentos agradam pela textura. Do Rio de Janeiro até Búzios, a avaliação foi dividida em duas partes: uma como carona e outra ao volante. A primeira apenas comprova que espaço não falta no sedã. Amplo no banco do passageiro, confortável para quem viaja atrás e, principalmente, silencioso. Apenas o barulho dos pneus no asfalto invade a cabine – culpa também da (falta de) qualidade do asfalto. Mas vale lembrar que nesta as rodas são aro 17!
Na segunda etapa, a caminho do balneário fluminense, hora de assumir o volante. A direção é suave e precisa. Os mais puristas até reclamam “frieza” dos CVTs. Mas num sedã médio, o que menos se espera é sentir as trocas de marchas. Ponto para a transmissão continuamente variável do Sentra, que preserva o conforto como todas as outras do tipo, mas consegue ser bastante reativa quando exigida.
O carro entra na estrada com extrema consistência. Os 20kgfm de torque proporcionam muita tranquilidade também nas ultrapassagens. O Sentra não hesita em momento algum e permite até mesmo algumas manobras mais ousadas. Numa das raras retas sem radares em nosso caminho, a vontade de acelerar foi incontrolável. Exploramos o motor 2.0 16v, de 140cv de potência, e alcançamos uma velocidade impublicável. O Sentra até balança um pouco, mas não prejudica a sensação de segurança, que se fez presente o tempo inteiro. Não fossem os gritos de “We Don’t Need Another Hero”, da Tina Turner, nos alto-falantes, o silêncio sepulcral dominaria a cabine. Mais uma estrelinha para o isolamento acústico.
Já no maltratado asfalto de Búzios, o Sentra exibe outra virtude. Por mais que seu estilo possa sugerir para quem vê de fora, os ocupantes não se sentem numa piscina com ondas. Nem tão firme, nem solta demais, sua suspensão é bem arrumada e absorve facilmente as irregularidades do solo.
O Nissan Sentra construiu, meio que sem querer, uma imagem de “carro para tiozão”. Comercialmente, não foi ruim. Afinal, essa parcela dos consumidores é a que tem mais condições de comprar um carro. O resultado foi bom, e o sedã já ocupa o terceiro lugar no segmento, atrás apenas dos compatriotas Honda Civic e Toyota Corolla. Com a última geração, ao menos, o Sentra conseguiu diminuir a distância no quesito estético para os rivais. Também oferece bom recheio e a relação custo-benefício o favorece. No final, para um cidadão com a idade do nosso amigo “X” – que ainda não é tio, mas já deixou de ser sobrinho – , será como optar entre Jaspion, Jiraya e Changeman. Três excelentes escolhas, definidas somente por alguns detalhes e, claro, gosto pessoal.
Novidades nas outras versões
A versão Unique representa apenas um extremo das novidades do Nissan Sentra 2016. Agora, o sedã médio passa a ter controles de estabilidade e tração (VDC) a partir da versão intermediária SV (R$ 75.990). Já a SL (R$ 82.490) acrescenta também a central multimídia Nissan Connect, que facilita o acesso às redes sociais por meio de integração com smartphones. Nada muda para a versão de entrada S (R$ 69.190), que usa o mesmo 2.0 de 140cv das demais versões, mas é a única com câmbio manual de seis marchas.
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