Configuração única no segmento vai bem na cidade
Glória Maria consegue esconder a idade. A Toyota Hilux não. As duas plásticas sofridas pela picape nos últimos anos não esconderam os 10 anos de projeto, e saber que a próxima geração está pronta – e chega na virada do ano – não ajuda. Mesmo assim, a Hilux tem público fiel e ainda ousa ao explorar nichos não explorados pelas concorrentes.
Esta versão avaliada é um bom exemplo. É uma Hilux SRV, topo de linha, mas o motor é o 2.7 flex e a tração, 4×2 (traseira). Mas tem câmbio automático, conforto que as concorrentes só oferecem com motor diesel. Pra quem não pensa em sair do asfalto é mais que suficiente, mas se for sair existe a opção de tração 4×4.
Picape de passeio
Grade e para-choque foram os principais alvos das duas últimas reestilizações. Mas, abra a porta e note que tudo continua o de sempre. Se não faltam itens de conforto esperados de uma picape topo de linha, como ajuste do banco elétrico, central multimídia – com navegador GPS, TV e DVD e câmera de ré – e revestimento em couro, é estranho olhar para o ar-condicionado digital com aspecto antiquado e iluminação verde.
Ao volante, esta Hilux é suficiente. O 2.7 VVT de 163/158cv(etanol/gasolina) e 25kgfm de torque se mostrou valente para lidar com os 1.830kg da picape vazia. Sem trocas sequenciais, o câmbio automático de quatro marchas cumpre sua função esticando as marchas e com posição para situações que exigem mais força.
O esforço reflete no consumo. A picape registrou média de 4,5km/l na cidade e 6km/l em rodovia, sempre com álcool no tanque. E que tanque! São 80 litros para garantir uma autonomia digna (até 480km, portanto). Dali a meses você chegará para o frentista cantando Fundo de Quintal: “A amizade… Nem mesmo a força do tempo irá destruir”.
Ter tração 4×2 não é defeito para boa parte do público das picapes flex, mas controles de tração e estabilidade são de extrema importância num carro tão alto e pesado, e com tração traseira. E são equipamentos de segurança que apenas a Hilux SRV diesel tem.
A suspensão preza pela robustez e tem o tradicional eixo rígido na traseira. É firme e tende a fazer a picape quicar ao passar por pequenas irregularidades e buracos. Talvez seja uma característica que reforce a fama de ser confiável. Quem nunca ouviu um conselho de um proprietário de Hilux para comprar uma pois ela não quebra?
Glória Maria F.C.
Funciona para usar no dia a dia? Sim, principalmente se o motorista tiver experiência com picapes com câmbio manual e se lembrar como seria estar no engarrafamento lidando com a embreagem. A carroceria esguia (as concorrentes, uma geração a frente, são maiores) e a visão traseira com o apoio da câmera de ré ajudam nas manobras apertadas, mas você sofrerá nos shoppings e estacionamentos apertados do mesmo jeito. Experiência própria.
A velha máxima do futebol diz que em time que se está ganhando não se mexe. A Toyota levou isso bem a sério com a Hilux e o time ficou velho, mas ainda é competente frente aos concorrentes.É como se o Barcelona de Ronaldinho, Eto’o, Messi e Deco continuasse entrando em campo, mas contra qualquer time é brasileiro.
Galeria
Fotos | Fabio Perrotta
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