Série limitada Zanzibar tem a exclusividade que falta ao Evoque
Se pudesse ser comparado a um objeto, o Range Rover Evoque seria, sem dúvidas, um ímã – não no sentido literal por efeitos da atração física de seu magnetismo, mas sim como uma metáfora. É impossível, apesar do clichê, falar do “queridinho” do segmento sem citar o quanto ele atrai olhares pelas ruas. A versão limitada avaliada, Zanzibar, reforça o fato. Todas as únicas 45 unidades foram vendidas em seu lançamento, durante o Salão de São Paulo de 2014, por R$ 237.500, e o nome faz referência a um arquipélago africano. Debaixo do visual diferenciado, porém, se esconde um Evoque Dynamic comum.
Yes, sir.
Se por fora o Evoque Zanzibar rende olhares, dedos apontados e até comentários no semáforo fechado e no drive-thru do Mc Donald’s (“moço, que carro é esse?”, ouvi não apenas por uma vez), por dentro a discrição britânica impera. O painel é todo revestido com materiais macios, dando direito até a couro de costuras aparentes das partes superiores. O mesmo vale para as portas, que ganham ainda apliques em black piano nos comandos dos vidros elétricos e das memórias de ajustes do banco do motorista. Por falar nos bancos, revestidos em couro, os dianteiros possuem ajustes elétricos, mas poderiam ser do tipo concha para completar o visual esportivo da versão Zanzibar.
Feitas as apresentações, o Evoque trata de receber seus ocupantes como um gentleman. Ao destravar as portas, os retrovisores externos se abrem e exibem, no chão, uma luz com a silhueta do modelo. Com as portas abertas, mais “boas vindas” são dadas pelas soleiras com o nome Range Rover iluminado.
Nenhum dos ocupantes precisa se preocupar com espaço: há espaço suficiente para cinco, mas, quem vai atrás, certamente sentirá falta de folga para as pernas e saídas de ar-condicionado, item disponível como opcional para as configurações de entrada e intermediárias. A bagagem também vai bem: são 420 litros no porta-malas, além dos inúmeros porta-objetos, todos revestidos com materiais emborrachados ou aveludados.
As especiarias de Zanzibar
O bom isolamento acústico, somado ao sistema de áudio de alta fidelidade da Meridian, com nada menos que 16 alto-falantes espalhados pelo carro, agradam (e muito). O teto panorâmico é outra atração e, ao contrário do que pode se pensar, não incomoda debaixo de sol forte. É pra isso que o ar-condicionado de duas zonas está lá, mas, novamente, faltam saídas para quem vai atrás.
A vasta lista de equipamentos conta ainda com faróis de xenônio de acendimento automático, LEDs diurnos, sensor de chuva, sete airbags, All Terrain Response (seletor de terrenos) e sistema multimídia com tela sensível ao toque, navegador GPS, Bluetooth, entradas auxiliar e USB, além de diversos comandos de parâmetros do veículo, como a cor da iluminação interna e o sistema de tração ativo.
Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros estão no pacote, mas falta câmera de ré, indispensável em um carro com visibilidade reduzida e preço alto. Já a central multimídia tem comandos um pouco confusos no primeiro contato, além de que a mesma não reconheceu grande parte das músicas do pendrive conectado sem aparente motivo.
Destino de luxo com doses de aventura
É fácil achar uma boa posição de dirigir: além das citadas regulagens de banco, este com bons apoios laterais, o volante multifuncional também possui ajustes de altura e profundidade, bem como uma empunhadura ideal, com um meio termo entre conforto e esportividade. É bom tomar cuidado, entretanto, ao aumentar o volume do som. Os botões muito juntos sempre resultam em uma esbarrada no comando de passar a música.
A chave é presencial. Basta estar com ela no bolso ou em algum dos vários porta objetos, pisar no freio, pressionar o botão de partida no painel e voilà: o câmbio giratório emerge do console. Daí é só girar para D e pisar no acelerador: o freio de estacionamento, elétrico, se desativa automaticamente em D e R, assim como entra em ação sozinho em P.
A esportividade sugerida pelo visual do Evoque de fato está lá. O motor 2.0 turbo de injeção direta entrega 240cv de potência e 34,7kgfm de torque a baixos 1.750rpm. Junto do câmbio ZR automático de nove velocidades, o SUV tem fôlego suficiente para diversas situações urbanas e rodoviárias. Um fato notado é a demora de resposta do carro ao se pressionar fundo o acelerador, como em um “kick down”. O câmbio, parece demorar a reduzir as marchas necessárias, levando a um delay de até quatro segundos, incomodando em retomadas ou ultrapassagens rápidas.
Apesar da falha, a grande quantidade de marchas do eficiente câmbio faz com que o motor trabalhe, em grande parte do tempo, em baixas rotações. Em conjunto com sistema Start/Stop, que desliga o motor automaticamente quando o carro permanece parado por alguns segundos e volta a ligá-lo assim que o motorista solta o pedal do freio, proporcionam médias de consumo satisfatórias para o segmento: foram 7km/l em perímetro urbano e 11km/l na estrada.
O rodar firme, mas com boa dose de conforto, é outro ponto forte do Evoque – apesar das grandes rodas de 20 polegadas calçadas com pneus 245/45. A suspensão absorve as imperfeições das vias esburacadas e de terra. Por falar em terra, isto é uma das essências de um Land Rover. Mais do que apenas urbano, como o visual sugere e grande parte dos proprietários encara, o modelo está mais do que apto a enfrentar pisos acidentados e subidas íngremes dos mais variados tipos.
O sistema All Terrain Response permite que o motorista selecione, através de botões no console central, o tipo de terreno a ser enfrentado. Com isso, o veículo altera suas especificações mecânicas automaticamente. Caso não seja suficiente, a tração integral está lá: ao contrário do que pode se pensar, a letra S no câmbio não se refere à “Sport”, mas sim à ativação da tração nas quatro rodas, que só pode ser feita com o carro parado.
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