Por Fernando Calmon
Muito se comenta sobre sistemas de direção autônomos ou semiautônomos para revolucionar a maneira de guiar. Além de aumentar a segurança ativa/preditiva, aliviar o estresse no trânsito congestionado ou em monótonas viagens, o motorista poderá assumir o comando quando lhe for prazeroso. Essas tecnologias passarão por complexas regulamentações técnicas, legislativas e jurídicas, ainda em estudos profundos. Os grandes fabricantes mundiais de veículos trabalham com fervor nesse objetivo e estão numa verdadeira corrida tecnológica. Ninguém quer ficar para trás, mesmo sem enxergar bem o que está na linha de chegada.
Nada impede, porém, que empresas como Google e Apple de investir pesadamente no desenvolvimento de automóveis autônomos. Ainda são nebulosos os planos desses gigantes da teleinformática. A Apple nem ao menos deixa escapar o que realmente prepara nesse campo. Google tem até um protótipo de um microcarro próprio em testes nas ruas da Califórnia. Entretanto, no recente Salão do Automóvel de Frankfurt, a empresa afirmou pela primeira vez não pretender construir ou administrar uma fábrica de automóveis, o que causou surpresa.
Fornecedores da indústria de autopeças desenvolvem grandes projetos em conjunto com fabricantes de veículos e criam vínculos difíceis de desfazer em favor de empresas de outros setores. Isso não significa situação imutável. Um exemplo é a Tesla, fabricante independente americano de sedãs elétricos, que partiu do zero e tentará voos mais altos.
Já os fornecedores de autopeças poderiam se juntar para desenvolver e fabricar um carro, porém nada indica que o farão. Mas é possível projetar um automóvel de demonstração, como fez a ZF com o seu Veículo Urbano Avançado (VUA), apresentado um mês antes do Salão de Frankfurt. Trata-se de um subcompacto, sem arroubos de estilo, apenas para reafirmar sua capacitação tecnológica ampliada após adquirir a americana TRW.
A ZF produziu o VUA elétrico em suas próprias instalações, focado em maneabilidade urbana e assistência semiautônoma para melhorar conforto, conveniência, segurança e eficiência também em estradas. Um dos destaques é o volante de direção multifuncional capaz de detectar as mãos do motorista (e assumir parte dos comandos), que inclui um mostrador OLED embutido no aro. Pode procurar uma vaga e estacionar comandado a distância por meio de telefone ou relógio de pulso inteligentes. O motorista não precisa estar a bordo e abrir uma porta, possibilitando criação de vagas perpendiculares mais estreitas para otimizar o espaço urbano e permitir garagens menores.
Além de inovações eletrônicas, chamam particular atenção as soluções mecânicas. A começar pelo eixo de torção traseiro que inclui dois motores elétricos de 54 cv, um para cada roda. Mais interessante ainda, as rodas dianteiras podem esterçar até 75 graus, algo inédito. Assim, precisa de uma vaga apenas 60 cm maior do que seu comprimento (em torno de 3 metros), o que também ajudará no planejamento das cidades. Diâmetro de giro de apenas sete metros, um terço a menos que qualquer subcompacto moderno, permite retorno em manobra única em pistas de largura padrão.
RODA VIVA
MOTORES de três cilindros continuam na ordem do dia. O da Fiat, previsto para estrear no novo subcompacto no início de 2016, foi adiado para o final do próximo ano (apenas o motor, claro). Esse bloco dará origem a um novo quatro-cilindros, de 1,4 L, substituto do atual Fire. E Hyundai também terá um turbo de 1 L no HB20, como up! TSI e futuro Honda Fit.
PREÇOS dos veículos se mantêm em alta (como previu esta coluna) não só pela inflação, mas porque a desvalorização do real tem impacto sobre componentes importados. Isso afeta de forma diferenciada cada modelo, inclusive os que vêm da Argentina. Mas a principal causa é a queda de escala de produção: 21% sobre 2014. Sobre isso não há o que fazer.
HYUNDAI HB20 2016, que já tinha ótimo motor de 1,6 L, pode aproveitá-lo melhor com o novo câmbio automático de seis marchas. Trocas são suaves e relativamente rápidas, considerando limitações de preço de um compacto. Novos amortecedores (agora sem ruídos de fim de curso), retoques de estilo e equipamentos adicionais o tornam ainda mais competitivo.
FILIAL brasileira da Porsche, recém-aberta, será mais assertiva ao nomear novas concessionárias. Hoje, todas as existentes, têm ligação direta ou indireta com o antigo importador oficial, a Stuttgart Sportcar. Estratégia faz parte do crescimento da marca no País com potencial de retomar do México o posto de mercado número uma da América Latina.
NOVA embreagem automática de acionamento eletrônico da Bosch, incorporada à função roda-livre, está em testes no Brasil. Certamente há algum fabricante interessado, embora a empresa trabalhe em testes, no momento, por si só. Mais barato do que um câmbio automático, pode eliminar os incômodos do terceiro pedal e potencializa diminuir consumo de combustível em até, nada desprezíveis, 5%.