Está pensando que motores pequenos sobrealimentados são coisa recente, fruto da “moda” do downsizing e da busca por motores cada vez mais potentes? Pois a Ferrari já pensava nisso há mais de 20 anos, com o projeto de um pequeno motor 1.3 três cilindros com turbo que gerava bons 216 cv.
Era um projeto experimental chamado F134, apresentado em 1994. O mais curioso é que este três cilindros era dois tempos e tinha turbocompressor, tudo pensado para obter alta potência específica, sem se preocupar com consumo e emissões.
Motores dois tempos queimam óleo junto com a gasolina e isso é péssimo para o meio-ambiente, porém alcança alta potência específica por comprimir os tempos de admissão, compressão, explosão e escape em apenas dois tempos, os de admissão-compressão e explosão-escape. Era assim nos DKW e em motores diesel muito antigos, por exemplo, mas hoje é algo limitado a motos pequenas e ciclomotores.
No início, o motor F134 tinha três cilindros em linha e alcançava 130 cv a baixos 5.000 rpm, chegando à potência específica de 100 cv/ litro quando um motor 1.0 quatro cilindros não tinha mais que 60 cv. Vale lembrar que no final dos anos 80 a Ferrari F40 gerava 478 CV em um V8 2.9 dois turbos, quase 165 cv/litro, então a Ferrari foi atrás de aumentar a potência de seu três cilindros. Chegou aos 216 cv ainda em baixo regime de giro, alcançando ótimos 160,4 cv/litro.
A Ferrari nunca pensou em utilizar este motor nem em passar a tecnologia para alguma outra fabricante próxima, como Lancia ou Fiat. Queria apenas experimentar tecnologias com motores dois tempos e explorar a potência específica.