Os testes produzidos pelo Latin NCAP, o Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe, continuam a revelar a falta de qualidade dos carros que compõem a frota brasileira. Depois da zerada patética do Chevrolet Onix – o carro mais vendido do Brasil -, agora foi a vez do Fiat Mobi reforçar o ‘grupo de risco’ dos veículos inseguros que circulam em nosso território.
O subcompacto, um projeto contemporâneo, obteve apenas uma estrela na proteção para o ocupante adulto e duas na guarda das crianças. Segundo a entidade, “a proteção oferecida à cabeça e ao pescoço do motorista e do acompanhante foi boa. A proteção do peito do motorista foi marginal, e adequada para o acompanhante. Os joelhos do motorista e o joelho esquerdo do acompanhante proporcionaram proteção marginal, já que podem impactar contra estruturas perigosas por trás do painel. As tíbias do motorista mostraram proteção de adequada e boa, enquanto ambas as tíbias do acompanhante exibiram proteção adequada. A zona da área dos pés foi considerada estável, mostrando deformação insignificante. A estrutura do habitáculo foi estável”.
Já na avaliação de impacto lateral, “a cabeça mostrou proteção boa, o peito, pobre, o abdome, fraca e a pélvis, adequada. A porta de trás foi desativada no teste”.
O Latin NCAP ainda informa no seu boletim que o Mobi não possui controle de estabilidade, um equipamento fundamental na segurança passiva do veículo, mas que ainda vai ganhando corpo timidamente na nossa frota. Falta ainda ao subcompacto cintos de segurança de três pontos em todos as posições dos bancos e o sistema Isofix para fixação de cadeirinhas.
Na legislação que impõe normas, a América Latina em geral não avança na direção de carros mais seguros. O Secretário Geral do Latin NCAP, Alejandro Furas, esclarece o contexto. “É decepcionante que, depois de passados sete anos da Década de Ação para a Segurança Viária da ONU, nenhum país da América Latina ainda conte com regulamentação efetiva obrigatória de ESC e de proteção contra impactos laterais. Os governos latino-americanos estão, ainda hoje, mais de 20 anos retrasados quanto às regulamentações europeias e estadunidenses a respeito da segurança dos veículos. De um lado, parte desses governos estão dispostos a melhorar, de outro, infelizmente, aquelas que assinam as decisões estão influenciadas pelo lobby da indústria para adiar ou bloquear as regulações”, comenta.