Renault terá reestruturação com carros maiores e mais caros e empresa de mobilidade

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Metade dos lançamentos futuros da empresa será nos segmentos C e D.

A Renault anunciou nesta quinta-feira (14) um plano de reestruturação dos negócios do grupo para os próximos anos chamado de Renaulution.

Em termos de produto, uma novidade importante é a confirmação de um novo SUV com produção no Brasil a partir de 2025. Qualquer notícia desse tipo no cenário de fechamento de fábricas deve ser comemorada.

Só que a Renault também falou sobre seu futuro como uma empresa que precisa lucrar.

Foram anunciadas medidas para reduzir os custos de desenvolvimento e produção de veículos e a criação de um braço para oferecer serviços de mobilidade. O plano Renaulution tem três fases:

  • Ressurreição, entrando em vigor imediatamente
  • Renovação, entre 2023 e 2025
  • Revolução, a partir de 2025

Renault de hoje não é enxuta

Fábrica da Renault no Brasil
Renault quer reduzir o número de plataformas dentro de uma mesma fábrica

A Renault começou a apresentação do novo plano mostrando a situação atual da empresa, que não parece muito promissora. A fabricante diagnosticou que utiliza 20% mais peças em suas fábricas do que as melhores práticas do mercado.

Isso significa que há menos compartilhamento entre os modelos do que ela gostaria.

A Renault ainda usou o Brasil como exemplo negativo para mostrar que, por aqui, o valor médio que um cliente gasta em carros da marca é menor do que o das concorrentes.

Em média de preços dos veículos vendidos no Brasil é de 8 mil euros, contra 11 mil euros da média das outras fabricantes.

Na França, por outro lado, o ticket médio dos carros da Renault é de 22 mil euros, exatamente na média do mercado.

Mais carros maiores

SUV do segmento C da Dacia será vendido com marca Renault

Outro problema da empresa é o desequilíbrio na participação dos segmentos B e C. Entre 2010 e 2019, 68% das vendas do grupo foram de veículos do segmento B, menos lucrativo, contra 20% do segmento C, mais lucrativo.

O ideal, segundo a Renault, seria uma porcentagem de 43% para o B e 41% para o C.

As soluções para esse problema, de acordo com a empresa, é investir no lançamento de carros maiores, mais caros e mais rentáveis.

Até 2025, estão programados 24 lançamentos. Veja abaixo a divisão por segmento:

  • A – 1
  • B – 5
  • C – 7
  • D e Sport – 5
  • veículos comerciais leves – 6

Assim, a empresa espera ter participação de 40% das duas faixas mais rentáveis (C e D).

Renault 5 vai renascer como carro elétrico

Por outro lado, a estrela da apresentação desta quinta-feira (14) foi o protótipo de um carro compacto: o Renault 5, conceito que irá homenagear o ícone da marca, R5.

A releitura do Renault 5 será elétrica e, segundo a empresa, “vai democratizar o carro elétrico na Europa com uma abordagem moderna ao carro popular”.

Menos plataformas e motores

Outro ponto importante é uma redução no número de plataformas e motores.

O objetivo da Renault com a reestruturação é reduzir de 6 para 3 as plataformas, representando 80% dos veículos vendidos pela Aliança, com a Nissan e Mitsubishi. Já as famílias de motores cairão de 8 para 4.

O custo de produção de cada veículo também deve ser atacado, com objetivo de redução de 600 euros por unidade até 2023.

A Renault também falou que vai trabalhar para reduzir o tempo de desenvolvimento de novos produtos para menos de 3 anos – cerca de 1 ano mais rápido do que atualmente.

As marcas do grupo também ficarão mais separadas por faixas de preço. Hoje, Renault e Dacia acabam competindo em alguns segmentos em mercados onde ambas estão presentes.

A partir de agora, caberá à subsidiária romena cumprir o papel de marca de entrada, enquanto a Renault ficará posicionada em uma faixa um pouco mais elevada – focada também em elétricos e híbridos.

Resultados esperados

Com todas essas medidas de reestruturação, o Grupo Renault espera ter margem operacional de 3% já em 2023, com um caixa de 3 bilhões de euros. Para 2025, a expectativa é ainda mais ambiciosa, com 5% de margem e 5 bilhões de euros no caixa.

O Renaulution lembra bastante os planos de reestruturação anunciados pela PSA na década passada. Com o Back in the race (De volta à corrida, na tradução live), o grupo “arrumou a casa” para voltar a ser competitivo na Europa.

Anos depois, o programa “Push to pass” (termo usado nas corridas para o botão de ultrapassagem) deu continuação à reestruturação, e culminou com a compra da Opel em um negócio muito lucrativo para o grupo francês.

Braço de mobilidade

Mobilize é o braço de mobilidade da Renault
A Mobilize é o braço de mobilidade da Renault, e terá quatro modelos

Além de todas as medidas para as marcas já existentes, a Renault também vai criar um braço voltado para a mobilidade, chamado de Mobilize, com planos ambiciosos.

A Renault espera tanto dessa nova divisão que projeta que mais de 20% das receitas do grupo em 2030 virão dela.

Para isso, irá apostar em uma linha de veículos e serviços.

Há 4 novos modelos, todos elétricos: dois serão voltados para uso em programas de compartilhamento, um para transporte por aplicativos e um último, voltado para cobrir curtas distâncias.

Mobilize EZ-1 é conceito criado pela Renault para compartilhamento

A Renault espera que esses serviços aumentem o tempo de utilização do veículo, que hoje é de 10% do tempo. A forma de viabilizar esse maior uso do carro é por meio de softwares desenvolvidos pela própria empresa e por parceiros.

A Mobilize ainda poderá contar com a RCI, o braço financeiro da Renault, e com a rede de concessionários da marca, que poderá ser usada, por exemplo, como ponto de entrega e retirada de veículos compartilhados.

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