Com o fim da produção da Ford no Brasil, compacto sai de linha depois de 24 anos.
A não ser que você, caro leitor, viva fora da Terra, ou esteve hibernando nas últimas semanas, sabe que a Ford não vai mais produzir veículos no Brasil. Com isso, o Ford Ka sai de linha, assim como o EcoSport.
Alguns colegas jornalistas disseram que o estoque é suficiente até meados de fevereiro. Depois disso, adeus. Restarão apenas unidades usadas.
A própria Ford já tirou há algum tempo o Ka de sua frota de imprensa. Mas isso não nos impediu de prestar uma última homenagem, que será em formato de “últimas impressões”.
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A saída que encontramos foi alugar uma unidade da Turbi, serviço de compartilhamento de veículos com aluguel cobrado por hora.
A frota da Turbi conta com o Ka hatch na versão SE Plus, com motor 1.5 de 3 cilindros e 136 cv e câmbio automático de 6 marchas.
O “nosso” Ka foi retirado e devolvido em um shopping da zona Oeste de São Paulo.
Apesar de recente, a unidade do modelo 2020/2020 já demonstrava alguns sinais de desgaste, como suspensão barulhenta e carroceria repleta de riscos – e até um amassado na lateral do motorista. No odômetro, pouco mais de 15.500 km rodados.
Ainda assim, pudemos comprovar as principais qualidades do Ka. Desempenho e leveza da direção ficam acima da média.
Pudera, o Ka tem 136 cv, mas pesa apenas 1.128 kg. Sua relação peso-potência de 8,29 kg/cv fica próxima à do Polo GTS (8,2 kg/cv).
Claro que o pequeno Ford não tem qualquer pretensão esportiva, mas entrega mais agilidade no trânsito cotidiano do que o motorista pode esperar.
Outros pontos altos do Ka são o câmbio automático de 6 marchas de funcionamento suave e a central multimídia Sync 2,5, de utilização simples e intuitiva.
Ka perdeu a onda
Curiosamente, esses dois últimos aspectos chegaram tarde ao Ka. Na troca de geração, em 2014, a Ford desprezou a mudança na direção dos ventos dos carros compactos, que passaram a ser mais conectados e oferecer câmbio automático.
Na ocasião, o modelo contava apenas com um rádio com tela monocromática de cristal líquido. A correção da trajetória veio apenas em 2018, com uma reestilização.
Só que nessa época, Onix e HB20, por exemplo, já estavam mudando novamente de patamar, com mais equipamentos de segurança e motor turbo.
Nem sempre foi assim
Duas décadas antes, o Ka, em vez de nadar na praia, ditava tendências.
Quando os carros populares no Brasil eram projetos simples e antigos, o Ka chegou no final dos anos 1990 com um visual inovador e soluções interessantes para um veículo de porte tão diminuto.
Muito tempo depois, vemos que os subcompactos voltaram a figurar por aqui, com Up, Mobi e Kwid, por exemplo.
Nos dias seguintes ao anúncio do fim da produção no Brasil nós perguntamos para a Ford quantas unidades ela vendeu do Ka desde o lançamento. Mas a empresa não respondeu.
Consultamos, então, a Fenabrave, cuja série histórica começa em 2003. Descobrimos que o Ford Ka sai de linha com mais de 1,1 milhão de exemplares emplacados, um número respeitável.