‘Países devem decidir se querem uma indústria automotiva’, diz chefão da Stellantis sobre Brasil

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Carlos Tavares, CEO do grupo, respondeu pergunta sobre fim da produção da Ford no Brasil.

Carlos Tavares
Carlos Tavares, CEO da Stellantis

Na primeira apresentação para a imprensa após a criação da Stellantis, fruto da fusão entre Fiat Chrysler e Peugeot Citroën, o novo CEO, Carlos Tavares, falou sobre a situação atual da indústria automobilística no Brasil e na Argentina.

Questionado sobre o recente anúncio do fim da produção da Ford no Brasil, Tavares foi bastante direto. “O que aconteceu semana passada é também um aviso. De que há um limite.”

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O executivo continuou: “Quando uma empresa toma essa decisão, a proposta não deve ser feita às empresas. Deve ser feita aos governos. Porque chega uma hora que você não consegue mais”.

‘Limites devem ser estabelecidos’

Em relação aos governos, Tavares afirmou que cabe aos países decidir se eles querem ter uma indústria automotiva instalada e que há limites para interferências externas.

“Chega um momento em que temos que perceber que os limites devem ser estabelecidos. Não podemos trabalhar com todos os ventos contrários. Quando os obstáculos surgem de fatores externos, pode nos levar a tomar decisões muito difíceis”, completou.

Por outro lado, o novo CEO da Stellantis disse que a situação do grupo no continente não é parecida com a da Ford.

“As equipes da FCA e da PSA fizeram um trabalho fantástico na América Latina, onde a Stellantis tem 18% do mercado. Conseguimos ser muito competitivos”.

Fábrica da Fiat em Betim
Capacidade produtiva em Betim (MG) é de 800 mil veículos por ano

Assim, Tavares ainda afirmou que não pretende fechar nenhuma fábrica da região. A Stellantis nasce com 3 unidades no Brasil (Betim, Goiana e Porto Real) e outras duas na Argentina (El Palomar e Córdoba).

No entanto, lançou um desafio para o avanço da mobilidade nos próximos anos.

“Por qual ângulo vocês querem reduzir as emissões? Podemos continuar trabalhando com motores de combustão interna e tentamos melhorá-los, já que temos muitas tecnologias que podem ser usadas. Esse é um caminho. Ou copiamos o que está acontecendo em outras regiões. Mas aí temos que garantir que seja acessível para a mobilidade livre que é desejada pela maioria dos cidadãos. Isso é uma decisão política, não das fabricantes”.

Parte da resposta veio em forma de um novo desafio, principalmente sobre uma mobilidade mais limpa:

“Eletrificação é, novamente, é uma questão para os governos. Temos a tecnologia, temos a capacidade de produção, mas no fim do dia, temos como garantir, que esse tipo de mobilidade é acessível?”

39 eletrificados até o fim do ano

Parte dessa estratégia citada por Tavares já foi traçada pela Stellantis, e passa pela eletrificação. Cada novo veículo lançado pelo grupo até 2025 terá ao menos uma versão eletrificada.

Não ficou claro se a estratégia é válida apenas para mercados como Europa e Estados Unidos, ou se também inclui países em desenvolvimento, como os da América Latina.

Fato é que, a gama de eletrificados do grupo, hoje composta por 29 modelos, vai crescer já a partir desse ano, com 10 novidades até o final de 2021.

Dos 39 veículos, alguns estão previstos para chegar ao Brasil ao longo do ano. É o caso dos elétricos Peugeot 208 e-GT e Fiat 500 e dos híbridos Jeep Compass e Renegade.

Fiat 500 agora é totalmente elétrico

Grupo com 400 mil funcionários

Além da promessa de aumentar a oferta de veículos elétricos e híbridos, Carlos Tavares ainda reforçou alguns dos objetivos da Stellantis.

O grupo nasceu de um negócio de US$ 52 bilhões, e terá 400 mil funcionários de 150 diferentes nacionalidades.

Aqui no Brasil, a Stellantis nasce como a líder dessa indústria, e o grupo que mais vende veículos no Brasil, com 460 mil veículos emplacados em 2020, 3 fábricas e capacidade de produção de 1,2 milhão de unidades.

Globalmente, um dos objetivos da Stellantis é economizar 5 bilhões de euros todos os anos com a sinergia entre as marcas.

Para isso, o grupo pretende reduzir custos com compras em maiores volumes, otimizar o uso de plataformas e conjuntos mecânicos e buscando aumentar a eficiência na produção.

A melhor notícia, porém, é que a Stellantis não pretende fechar nenhuma fábrica resultante dessa fusão.

Para gerenciar os negócios ao redor do mundo, o novo grupo terá nove comitês de governança, responsáveis por desempenho e estratégia, planejamento, regiões, manufatura, marcas e estilo.

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