A falta de semicondutores que vem paralisando fábricas de veículos no mundo todo pode fazer com que a produção de veículos no Brasil seja afetada em mais de 200 mil unidades este ano, como mostra reportagem do Automotive Business assinada por Pedro Kutney.
As informações são de um estudo do Boston Consulting Group (BCG) com dados da IHS Markit apresentado na quarta-feira (7), pela Anfavea, associação das fabricantes instaladas no País.
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A consultoria calcula que 3,6 milhões de automóveis e utilitários leves já deixaram de ser produzidos no mundo todo no primeiro semestre por causa da escassez de chips. Até o fim do ano, a BCG estima que a perda de produção vai girar entre 5 milhões e 7 milhões.
A BCG separou em sete regiões no mundo o impacto da falta de semicondutores na produção veículos leves. A maior perda até agora foi registrada na América do Norte, que deixou de fabricar 1,2 milhão de unidades no semestre passado, seguido pela Europa, que perdeu 875 mil, enquanto Japão e Coreia somados perderam 770 mil.
Na América do Sul houve redução de 162 mil carros e utilitários. Considerando que o Brasil responde por cerca de 80% da produção na região, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, estimou que nos últimos seis meses algo em torno de 130 mil veículos deixaram de ser produzidos no País.
Para ele, a tendência é que este número deve se repetir no segundo semestre, o que levaria a uma perda aproximada de 260 mil unidades em 2021. “Tudo indica que o problema de fornecimento de semicondutores vai continuar no resto do ano e só deve começar a ser normalizado no seguindo trimestre de 2022”, lamentou.
Com a falta persistente do insumo eletrônico, a este mês a Anfavea já ajustou para baixo as projeções de vendas e produção de automóveis no Brasil em 2021.
O estudo da BCG aponta que desde o último trimestre de 2020 o fornecimento de semicondutores à indústria automotiva global está abaixo das necessidades de produção, em uma situação que se agravou no primeiro semestre de 2021.
A consultoria estima que a escassez de chips eletrônicos para os fabricantes de veículos e seus fornecedores só deve começar a se estabilizar na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2022, quando começarão a fazer efeito as medidas tomadas para restabelecer os suprimentos, com possível elevação dos estoques de segurança, para então atender os pedidos que ficaram para trás.
A BCG destaca que o desequilíbrio no fornecimento global de semicondutores resulta de uma combinação de fatores observados já no último trimestre de 2020, a começar pela alta de 10% a 15% na demanda por chips pelos fabricantes de veículos na comparação com níveis pré-pandemia, enquanto os principais fornecedores globais só conseguiram aumentar as entregas em 4%.
Ao mesmo tempo, o incremento nos pedidos do setor foi impactado pelo aumento das encomendas de outros setores, como eletroeletrônicos.
No decorrer de 2021, a demanda do setor automotivo por chips continua alta e a capacidade de entrega dos fornecedores segue insuficiente, conforme indica o estudo da BCG. A situação piorou com o incêndio ocorrido em março na fábrica da Renesas Electronics no Japão, um dos grandes produtores de semicondutores, que só no fim de junho retomou a produção normal.
Algumas medidas para aumentar o fornecimento de semicondutores aos fabricantes de veículos devem fazer efeito já neste terceiro trimestre de 2021, mas como a demanda segue crescendo, o problema tende a persistir e pode ser agravado no fim do ano, quando o Natal costuma promover a elevação das vendas de aparelhos eletroeletrônicos, que concorrem com a indústria automotiva nos pedidos de chips.