Não é só a Stellantis que está celebrando o início da venda dos novos Jeep Compass e Fiat Toro. A filial brasileira da BorgWarner, uma das maiores fabricantes de componentes automotivos do mundo, também comemora a chegada dos modelos ao mercado por uma razão muito simples: a empresa é a fornecedora das turbinas do novo motor 1.3 turbo, cuja produção teve início em Betim (MG) no último mês de março.
A Stellantis é o segundo grupo automotivo a adotar em seus veículos de passeio o turbo produzido pela BorgWarner. A empresa norte-americana também é a fornecedora das turbinas para os motores TSI da Volkswagen, a primeira grande montadora a apostar em massa na sobrealimentação no Brasil.
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Para atender a demanda da Stellantis, a BorgWarner construiu uma nova linha de produção na fábrica de Itatiba (SP) e contratou mais funcionários. A empresa, porém, não divulgou os valores ou quantos trabalhadores foram admitidos.
“Na situação atual, é um investimento relevante”, disse Vitor Maiellaro, diretor-geral da BorgWarner Brasil em entrevista ao Primeira Marcha.
A torcida pelo sucesso dos novos produtos é tão grande que a BorgWarner já está realizando o treinamento para operar em 3 turnos na fábrica do interior de São Paulo.
“Estamos otimistas com relação a 2021. Nossa capacidade de produção vai chegar a 800 mil unidades com a nova linha de produção”, completou Maiellaro.
Até então, a empresa podia produzir cerca de 600 mil turbinas por ano em Itatiba.
Mudança de perfil
O contrato de fornecimento do turbo para o motor 1.3 da Stellantis também pode marcar uma mudança no perfil de produção da BorgWarner.
Isso porque, até 2020, a maior parte dos turbocompressores produzidos pela empresa era destinada ao segmento de veículos pesados movidos a diesel, como caminhões e ônibus.
“Hoje a divisão é balanceada. Mas 2021 pode ser o primeiro ano em que veículos de passeio vão superar os comerciais”, disse o executivo.
Se a tendência se confirmar, Maiellaro acredita que pode ser um caminho sem volta na consolidação dos motores turbo no Brasil.
Isso porque a empresa acaba de firmar contrato de fornecimento de turbocompressores com uma terceira fabricante de veículos de passeio, que, por questões de confidencialidade, não teve o nome divulgado.
Para atender o novo cliente, a BorgWarner vai construir mais uma linha de produção, que deve ser inaugurada já no ano que vem, aumentando a capacidade de produção de turbos para 1 milhão de unidades por ano.
Esse novo produto, porém, tem previsão de lançamento apenas no segundo trimestre de 2023.
Desenvolvimento leva até 2 anos
Esses dois anos costumam ser o tempo padrão para o desenvolvimento de componentes como o turbo, afirma Maiellaro. Foi assim, por exemplo, com o turbo da BorgWarner que equipa o motor 1.3 da Stellantis.
“O desenvolvimento de turbos no Brasil é dividido em 2 grandes etapas. O centro do turbo é formado por componentes que existem prontos e são desenvolvidos globalmente. Mas existe a parcela local, com o desenvolvimento das carcaças externas, por exemplo”, explicou o diretor da BorgWarner.
No fim das contas, cabe a montadora, em parceria com a fabricante do componente, definir os parâmetros de operação da turbina – mais voltados ao desempenho ou para a redução de consumo de combustível.