Até não muito tempo atrás, carros com motores turbo eram sinônimo de preparação, desempenho e, muitas vezes, falta de durabilidade.
Prova disso é que poucas marcas sem ser aquelas de luxo ofereciam modelos turbinados aqui no Brasil. Entre janeiro e maio de 2016, por exemplo, 5 anos atrás, o Volkswagen Up era o veículo com motor turbo mais bem colocado nos rankings de vendas por aqui, ocupando uma modesta 14ª colocação.
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Só que esse quadro mudou radicalmente, e hoje os carros com motor turbo se multiplicaram e ganharam espaço.
Em 2021, o Up até já saiu de linha, mas 8 dos 15 carros mais vendidos entre janeiro e maio oferecem alguma motorização turbo. Essa conta já inclui os recém-lançados Jeep Compass e Fiat Toro, que acabaram de ganhar o novo 1.3 sobrealimentado da Stellantis.
Além dessa presença maciça, há quem já recorra ao motor turbo em 100% das versões. É o caso do Chevrolet Tracker e dos Volkswagen T-Cross e Nivus, que abriram mão das motorizações aspiradas.
Falando em Volkswagen, a empresa alemã foi a primeira das gigantes a apostar em massa nos motores turbo no Brasil, com o mesmo Up citado no começo do texto. Isso aconteceu em 2015, quando o consumidor ainda estava acostumado a associar bom desempenho com motores grandes.
“É um caminho sem volta. Ano a ano, os clientes perceberam que o motor turbo é melhor. Ele reduz não só o peso, mas também a complexidade do veículo”, disse Roger Corassa, vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen.
Uma das maiores fabricantes de turbinas do mundo, a BorgWarner tem a mesma percepção. A empresa, que acaba de fechar contrato para fornecer o turbo do motor 1.3 da Stellantis, espera produzir 1 milhão de unidades no Brasil em 2022.
Para Vitor Maiellaro, diretor-geral da BorgWarner Brasil, a estratégia das montadoras foi decisiva para o sucesso do turbo entre os consumidores brasileiros.
“Não vincular motores turbo com performance e potência extrema ajudou. Porque o principal objetivo do turbo é economia de combustível e redução de emissões. Assim, para a maioria dos consumidores, é um tabu que está indo por água abaixo”, disse, em entrevista ao Primeira Marcha.
Turbo é ‘pop’
Outro aspecto que ajudou a popularizar o motor turbo foi a decisão das fabricantes de “bancar” essa nova tecnologia em veículos de segmentos de maior volume.
Essa quebra de paradigma pôde ser vista com a chegada das novas gerações do Volkswagen Polo, em 2017, e dos Chevrolet Onix e Onix Plus, em 2019.
Depois deles, SUVs compactos das mesmas marcas foram lançados apenas com motorizações turbo: Volkswagen T-Cross em 2019 e Chevrolet Tracker em 2020.
Os dois inclusive são os veículos turbo mais vendidos do Brasil até maio de 2021, com ligeira vantagem para o Tracker.
Veja abaixo a lista dos carros mais vendidos no Brasil até maio e a proporção de exemplares com motor turbo movidos a gasolina ou flex. Nesse caso, não estamos considerando versões com motor turbodiesel, disponíveis em Jeep Renegade e Compass e Fiat Toro.
MODELO | UNIDADES VENDIDAS | % DE VERSÕES TURBO |
Fiat Strada | 51.369 | 0 |
Chevrolet Onix | 38.980 | 49% (19.142) |
Hyundai HB20 | 37.805 | 9% (3.305) |
Jeep Renegade | 33.105 | 0 |
Fiat Argo | 32.549 | 0 |
Volkswagen Gol | 32.230 | 0 |
Fiat Mobi | 31.828 | 0 |
Fiat Toro | 28.190 | 3,5% (1.018) |
Hyundai Creta | 27.593 | 0 |
Chevrolet Onix Plus | 27.352 | 67% (18.201) |
Jeep Compass | 26.513 | 5,8% (1.536) |
Chevrolet Tracker | 26.139 | 100% (26.139) |
Volkswagen T-Cross | 25.865 | 100% (25.865) |
Renault Kwid | 23.105 | 0 |
Volkswagen Nivus | 17.115 | 100% (17.115) |
Falando em Toro e Compass, esses dois modelos ganharam o novo motor 1.3 turboflex da Stellantis entre março e abril. Considerando apenas as vendas de maio, essa nova motorização já representou cerca de 25% dos emplacamentos de cada um dos modelos.
Ainda é preciso considerar que as concessionárias ainda devem ter estoques dos antigos motores aspirados. Assim, a porcentagem deve crescer ainda mais já nos próximos meses.
O que vem de turbo por aí
Atualmente, apenas Toyota e Nissan não têm carros turbo entre as 10 maiores fabricantes do Brasil. Algumas, como Fiat e Renault estão começando a apostar as fichas na tecnologia.
A Fiat, além do 1.3 da Toro, vai lançar uma unidade 1.0 de 3 cilindros com cerca de 130 cv já nos próximos meses, estreando no Pulse, SUV baseado no Argo.
Esse motor ainda deve ser aproveitado pela Jeep, no Renegade, e também, nos próximos anos, por modelos de Peugeot e Citroën, todas do grupo Stellantis.
A Renault anunciou nesta quarta-feira (23) que seu motor 1.3 chega nas próximas semanas no Captur. Nesse caso, são 170 cv e 27,5 kgfm. Na sequência, o Duster deve incorporar essa opção à linha, atualmente restrita ao 1.6 aspirado.